Campanhas de sensibilização para a reciclagem de lixo são um desperdício de dinheiro
Vereador da Câmara Municipal de Santarém põe o dedo na ferida. Apesar do investimento feito por autarquias e outras entidades, o volume de resíduos depositado em aterro não pára de aumentar e, com isso, a factura paga pelos municípios. Santarém vai pagar um milhão de euros em 2018.
A Câmara Municipal de Santarém vai despender em 2018 uma soma superior a um milhão de euros para a deposição em aterro de resíduos sólidos urbanos, vulgo lixo doméstico, e a tendência é para que esse valor vá aumentar, à semelhança do que tem acontecido nos últimos anos.
Como referiu o vereador Jorge Rodrigues (PSD) na reunião do executivo camarário de segunda-feira, 22 de Outubro, as campanhas de sensibilização e apelo à reciclagem junto da população, que ao longo dos anos têm sido promovidas pelo município e pela Resitejo (entidade supramunicipal que explora o aterro no concelho da Chamusca onde são despositados os lixos), não têm dado grandes resultados.
“Há 20 anos que se anda a torrar dinheiro em campanhas de sensibilização e o volume de resíduos tem sempre aumentado. As campanhas não têm surtido efeito e o seu alcance é muito reduzido”, declarou Jorge Rodrigues, que actualmente é também presidente da assembleia geral da Resitejo - Associação de Gestão e Tratamento dos Lixos do Médio Tejo. Para o autarca o actual cenário, que é transversal ao país, só mudará com medidas supramunicipais e nacionais. “Temos que começar a abandonar o estilo de vida descartável que temos, pois não há ambiente que o suporte”, disse ainda.
O autarca falava durante o ponto em que se debatia a autorização da despesa complementar de 15.397 euros para pagar a deposição de lixo em aterro este ano, que se vai somar aos 916.348 euros que já tinham sido aprovados em Janeiro último. O município vai ainda reforçar com 1.354 euros a verba já anteriormente aprovada de 80.638 euros destinada a pagar a taxa de resíduos sólidos urbanos a liquidar à Resitejo.
Taxas de resíduos vão continuar a subir
O presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), também lamentou os fracos resultados das campanhas de sensibilização para a reciclagem e sublinhou que os munícipes vão sentir na carteira a sua pouca apetência para a selecção de resíduos para reciclagem, com o aumento gradual da taxa de resíduos sólidos urbanos, como aliás determina a ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos.
Ricardo Gonçalves acrescentou que não é por falta de ecopontos que a população não separa mais lixo. “Temos um rácio, nos municípios da Resitejo, de um ecoponto por 150 habitantes, quando a União Europeia recomenda um ecoponto por 250 habitantes. Foram adquiridos mais carros e há mais recolhas”, afirmou.
O vereador José Augusto Santos (PS) defendeu que é necessário insistir na sensibilização dos munícipes, sugerindo que a autarquia use plataformas como o site na Internet e a página da rede social Facebook para divulgar essas mensagens. “Temos que chamar a atenção das pessoas. Mostrar-lhes que este ano a Câmara de Santarém vai gastar quase um milhão de euros para depositar o lixo em aterro”, afirmou.