“A medicina dentária em Portugal é muito cara”
Nuno Miguel Belchiorinho tem 48 anos e é médico dentista em Almeirim
O médico dentista Nuno Miguel Belchiorinho vive entre agulhas e pinças há 24 anos. Um apaixonado pela profissão que concilia com a caça, os concursos de saltos a cavalo e a equipa de futebol de veteranos (UVA). E se, quando era pequeno ainda ficou na dúvida se devia seguir medicina, hoje tem a certeza que fez a escolha certa.
Nascido em Évora e criado em Almeirim, Nuno Miguel Belchiorinho teve uma infância como muitos miúdos hoje em dia não podem ter. Passava as tardes todas na rua a brincar e só aparecia em casa à noite. Na altura, sonhava ser agricultor como o seu avô materno, mas aos 17 anos tudo se modificou. Nuno Miguel Belchiorinho começou a ver o sofrimento que o seu avô tinha com as secas e as chuvas e decidiu que queria ser dentista.
“Tenho um tio que é médico e que estudou em Coimbra. Lembro-me de ir visitá-lo em miúdo e de gostar da cidade onde acabei por formar-me”, conta o médico dentista que admite que não seguiu a medicina geral porque gosta de levantar-se cedo e dispensa noitadas. “Acho que se tivesse que trabalhar à noite num hospital o meu relógio biológico ficaria transtornado. Por outro lado também não me agrada a ideia de lidar com morte”, refere.
Nuno Miguel Belchiorinho terminou em 1994 a sua licenciatura em Medicina Dentária na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Desde aí, o profissional de saúde tem-se dedicado de corpo e alma à medicina dentária, tendo já trabalhado em vários locais e aberto a sua própria clínica em Almeirim. “Na altura sentia necessidade de ter a minha clínica e ter os meus pacientes. Ainda fui assistente de um professor na faculdade, mas a carreira académica nunca me seduziu”, confessa o profissional de saúde.
Entre alegrias e tristezas, histórias é o que não faltam ao médico dentista de 48 anos que tem ao dispor na sua clínica serviços como implantologia, endodontia e branqueamentos dentários. Ainda a semana passada, conta, apareceu na clínica uma criança de sete anos com um abscesso periorbitário devido a um quisto dentário quase a apanhar a cavidade craniana. Uma situação grave que felizmente terminou bem. “Esses são os nossos troféus”, considera.
Nuno Miguel Belchiorinho não tem dúvidas que, apesar do Governo estar a implementar serviços de saúde oral nos centros de saúde, ainda há muito a fazer para que a medicina dentária chegue a todos. “É que ainda existe muitas pessoas, sobretudo as mais idosas, que por receberem reformas baixas, não se deslocam ao dentista e vão-se descurando da saúde oral”, lamenta, adiantando que a medicina dentária continua a apresentar tabelas de preços bastante caros. Tudo devido aos encargos que a clínica tem não só com o material, mas também com os equipamentos que são extremamente dispendiosos. “A medicina dentária em Portugal é cara porque os ordenados da maioria das pessoas são baixos, mas comparativamente a outros países da Europa, temos preços bastante acessíveis. Todos os meses recebemos pacientes oriundos da Suíça, Inglaterra e França entre outros países, que escolhem Portugal para fazer a sua reabilitação oral. Temos profissionais bem preparados e clínicas bem apetrechadas para executar os mais variados e complexos tratamentos. Quando me desloco ao estrangeiro em cursos de formação, os meus colegas ficam admirados com a qualidade dos dentistas portugueses”, confessa o médico dentista.