Há consenso para o Campo Infante da Câmara, agora venham as obras!
Futuro do antigo campo da feira é discutido há mais de duas décadas. Assembleia Municipal de Santarém aprovou por unanimidade o modelo base para requalificação e aproveitamento desse espaço nobre da cidade. Resta saber se é desta que as intenções saem do papel.
A Assembleia Municipal de Santarém aprovou por unanimidade, sublinhada com uma salva de palmas, o modelo base de requalificação do Campo Emílio Infante da Câmara, um espaço nobre da cidade onde até 1994 decorreu a Feira Nacional de Agricultura. Resta agora saber se é desta que vai haver uma intervenção de fundo nessa área com cerca de 9 hectares ou se, mais uma vez, os projectos ficam na gaveta.
Isso mesmo foi lembrado na sessão extraordinária da assembleia municipal que decorreu na noite de sexta-feira, 19 de Outubro, onde compareceram também algumas dezenas de cidadãos interessados sobre o futuro do antigo campo da feira. Porque debates e sessões sobre o tema já houve muitos nestas últimas décadas, projectos e planos também, mas as intervenções realizadas foram avulsas e desgarradas.
Por isso o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), e o presidente da assembleia municipal, Joaquim Neto (PS), pediram aos eleitos o máximo consenso sobre o assunto e, preferencialmente, unanimidade na votação, considerando que essa era uma oportunidade para se fazer história.
Cidade desportiva da União de Santarém descartada
E as várias bancadas corresponderam ao apelo, apesar de algumas discordâncias de pormenor em relação ao documento final e a não participação na votação de dois eleitos do PSD, entre eles José Gandarez - ex-presidente da concelhia do partido, adversário interno de Ricardo Gonçalves e presidente da União de Santarém, que em Fevereiro de 2017, apresentou um projecto defendendo a criação de uma cidade desportiva do clube para o Campo Infante da Câmara.
Essa possibilidade ficou agora descartada, embora se preveja a criação de espaços para o desporto informal e de jogo e recreio, enquadrados num vasto parque urbano verde, e um equipamento cultural com lotação até 600 pessoas. O espaço para estacionamento também deverá continuar, embora mais encostado à periferia do campo.
A proposta final articulada entre as várias forças políticas, e que agora irá ser trabalhada por técnicos de urbanismo e arquitectura, defende ainda como fundamental a conclusão dos prédios de habitação e comércio inacabados e que o projecto, no que toca aos espaços verdes, tenha em conta o facto de Santarém ser habitualmente uma das cidades mais quentes do país. A criação ali de uma espécie de pulmão da cidade foi várias vezes referida.
Praça de touros não entra para já nas contas
Algumas forças políticas (CDU, CDS, PSD, PS) falaram na possibilidade de um entendimento entre a Câmara de Santarém e a Misericórdia de Santarém que pudesse adaptar a recinto multiusos a Praça de Touros Celestino Graça, propriedade da Santa Casa, mas essa ideia para já parece também descartada.
A feira quinzenal também vai continuar por ali, pelo menos até que se encontre outro espaço disponível para o efeito e que mereça a concordância dos vendedores. E também se defendeu a articulação da intervenção no Campo Infante da Câmara com a que está prevista para a vizinha Avenida Afonso Henriques.
O presidente da câmara esfriou algum entusiasmo lembrando que dificilmente haverá financiamento da União Europeia para essas intervenções e que, por isso, o projecto será para concretizar gradualmente, num horizonte temporal de 10 a 12 anos. Até porque, sublinhou, há muitos outros investimentos a fazer na cidade e no concelho.
Negociações com o CNEMA para construção de complexo desportivo
Durante a sessão, o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), informou os presentes que se encontra em negociações com a administração do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (CNEMA) com vista à aquisição de uma parcela de terreno onde possa ser implantado um novo complexo desportivo da cidade. O autarca diz que os valores propostos por ambas as partes são ainda divergentes, mas as conversações vão continuar.
Um dos objectivos é dotar a cidade de mais campos para a prática do futebol, dado que a oferta existente é escassa face à quantidade de praticantes federados. Na cidade há quatro clubes com futebol: União de Santarém, Académica de Santarém, Empregados do Comércio e Soccer Scalabis.
O presidente da União de Santarém, José Gandarez, sublinhou as dificuldades existentes para se arranjar campos e horários para treinar, referindo que o seu clube não inscreveu este ano o escalão de juvenis precisamente por essas razões.
Carlos Nestal, da bancada do PS, reconheceu que a cidade necessita de novas infraestruturas desportivas mas também é da opinião que as mesmas não devem ser construídas no planalto, para não aumentar a pressão sobre essa zona da cidade.