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Rosa Grilo conta a sua versão da morte do marido em frente ao filho menor
Rosa Grilo afirma que não matou o seu marido, o triatleta Luís Grilo - foto DR

Rosa Grilo conta a sua versão da morte do marido em frente ao filho menor

Viúva do triatleta recria o cenário do crime em entrevista na prisão e diz que se tratou de um ajuste de contas perpretado por três homens. A suspeita diz que não contou a verdade às autoridades por medo de represálias sobre a família e participou nas buscas para encontrar Luís Grilo porque queria saber onde os homicidas tinham escondido o corpo.

Luís Grilo, triatleta e empresário de Cachoeiras, Vila Franca de Xira, foi assassinado com dois tiros na cabeça e caiu no colo de Rosa, a esposa agora viúva. Tudo aconteceu na manhã de 16 de Julho, segundo a versão contada por Rosa Grilo em entrevista à SIC. Todos os pormenores da morte de Luís foram contados em frente ao filho de 12 anos, em horário de visita, no Estabelecimento Prisional de Tires, onde a mulher está em prisão preventiva.
“Ele já sabe da história toda”. As palavras foram proferidas pela própria durante a entrevista, não mostrando qualquer tipo de desconforto com o que a criança pudesse sentir ao ouvir falar da morte do pai. Júlia Grilo, a irmã do triatleta e actual responsável pelo menor, também presenciou a entrevista.
Na versão afinada, Rosa, rebate todos os detalhes da investigação. Segundo diz, Luís terá sido assassinado na manhã de segunda-feira, 16 de Julho, e não no dia anterior como avança a PJ. O crime não ocorreu no quarto do casal, nem o triatleta morreu com uma paulada seguida de um tiro na cabeça, abafado por uma almofada. Rosa, explica que foi numa sala próxima da cozinha e que o marido foi agredido em várias partes do corpo e assassinado com dois tiros na cabeça, por três homens. Depois caiu no seu colo. Enquanto contava todos os pormenores, a criança ia sendo distraída pela tia, que tentava a todo o custo entreter o sobrinho.
Ao que O MIRANTE apurou, o filho tem visitado com frequência a mãe na prisão, sempre acompanhado por Júlia Grilo. Num dia, apenas três pessoas podem visitar Rosa, que se encontra em prisão preventiva desde 29 de Setembro, por suspeitas de coautoria do homicídio do marido. Segundo Rosa, o filho está familiarizado com a história. A tia diz que o menor defende a inocência da mãe.

Rosa Grilo acusa a PJ de falta de humanidade
Do interior da prisão de Tires, Rosa Grilo escreveu uma carta a Francisco Moita Flores, antigo inspector da PJ, questionando a legalidade da sua detenção a 26 de Setembro. Acusa os inspectores da PJ de “falta de humanidade” por terem efectuado a sua detenção na presença do filho de 12 anos.
Rosa menciona na carta que não havia necessidade de o filho ver a mãe ser levada pelas autoridades, ouvir insultos e ver a casa ser remexida. Na sua opinião, os inspectores deveriam ter “esperado 45 minutos”, o suficiente para que o menor saísse para a escola e assim ser “poupado ao que se passou naquela manhã”.
Por último, escreve que o mais grave foi os agentes terem interrogado o seu filho “durante duas horas”, sem que ela tenha autorizado ou estado presente.

Angolanos e encomenda de diamantes
Na última versão contada por Rosa Grilo em tribunal e que veio a ser afinada, a partir da prisão, ela e o seu amante, António Joaquim, saem ilibados de qualquer crime. Tal como O MIRANTE noticiou na edição de 17 de Outubro, a versão contada pela viúva envolve “dois angolanos e um homem branco”, que mataram e levaram o corpo de Luís para parte incerta.
Em entrevista, Rosa dá a conhecer todos os detalhes. Dois angolanos e um homem branco bateram à porta, na manhã de 16 de Julho. Em casa estavam Rosa e Luís. Exigiam as “encomendas”, mas Luís não as encontrava. Rosa pensa que as encomendas seriam diamantes, que o marido tinha trazido de uma viagem a Angola há oito anos. Também já andavam a receber ameaças desses homens.
As ameaças foram o mote para Rosa entrar na casa do amante, António Félix, sem este saber - já que tinha a chave da residência em Alverca do Ribatejo - e roubar uma das armas do funcionário judicial. Escolheu a única que tinha licença e guardou-a na sua residência nas Cachoeiras.
Depois de ter sido agredida, juntamente com Luís, a 16 de Julho, Rosa diz que estava de mãos atadas quando dispararam dois tiros à cabeça do marido. Ele caiu no seu colo. Foi ela que a mando dos agressores foi à cozinha buscar um rolo de sacos - justifica a presença de ADN de Rosa no saco que cobria a cabeça do corpo do triatleta - para embrulharem o corpo. Cerca das 15h00 o corpo do triatleta saiu pela porta da frente da vivenda nas Cachoeiras e foi levado para parte incerta. Pelas 16h15, o filho do casal chegou a casa e não havia sinais do crime.

Rosa Grilo de férias enquanto procuravam o marido

Enquanto decorriam as buscas para encontrar o corpo do triatleta e empresário das Cachoeiras - morto a 15 de Julho, com um tiro na cabeça, segundo a tese da PJ - Rosa Grilo passou pelo menos três fins-de-semana fora da região. Há registos recolhidos pela Polícia Judiciária de pagamento de estadias e passagens na via verde em Porto Covo, Grândola e Caminha, avança o Correio da Manhã.
Durante esse tempo, o mesmo jornal avança que a viúva se manteve próxima de António Joaquim, com quem mantinha uma relação extraconjugal. No dia 6 de Setembro, já o corpo do triatleta tinha sido encontrado a mais de 130 quilómetros de casa, Rosa escrevia a António Joaquim a pedir-lhe que a visitasse na sua casa, nas Cachoeiras.

Bicicleta atirada ao rio

O desaparecimento da bicicleta de Luís Grilo tem sido um dos mistérios neste caso. Rosa Grilo desvenda-o dizendo que ela mesma a atirou ao rio Tejo, de cima de uma ponte no concelho de Alenquer.

Casa de Benavila visitada pela PJ

A casa da família de Rosa Grilo localizada em Benavila foi passada a pente fino pela Polícia Judiciária, pelo menos duas vezes. A habitação desocupada fica a menos de 10 quilómetros do local onde o corpo do triatleta foi encontrado. Os únicos portadores da chave eram Rosa Grilo, o seu pai e um tio.
Luís Grilo, a mulher e o filho de ambos frequentavam essa casa quando iam visitar a família a Benavila. Segundo o tio de Rosa, o casal e o sobrinho faziam as refeições em sua casa e dormiam nessa casa, que pode ser peça chave na investigação da PJ.

Mensagens foram enviadas pelo triatleta

Rosa Grilo garante que as mensagens enviadas aos amigos e atletas da Wikaboo, no domingo, 15 de Julho, foram escritas por Luís Grilo. Segundo Rosa, o marido ainda estava vivo nesse dia e passou o dia em família, com ela e o filho de ambos.

Marido conhecia o amante de Rosa

O amante de Rosa, António Joaquim, era conhecido de Luís Grilo. A informação é avançada por Rosa Grilo. A mulher mantinha com o funcionário judicial, natural da Póvoa de Santa Iria, uma relação extraconjugal, desde 2015 e já se conheciam desde crianças. Rosa adianta ainda que tinha com Luís um matrimónio tolerante e que tanto ele como ela podiam ter outros parceiros sexuais, desde que não houvesse amor.

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