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O sonho olímpico mudou a vida de Alexandre Montez
Alexandre Montez exibe orgulhoso as medalhas que arrecadou nos Jogos Olímpicos da Juventude

O sonho olímpico mudou a vida de Alexandre Montez

Jovem de 16 anos é natural do concelho de Santarém e uma esperança no triatlo português

“Largou as saias da mãe” e a terra natal de Aldeia de Além e foi viver para Rio Maior, onde consegue conciliar os estudos com os treinos. Os resultados já estão à vista. Nos recentes Jogos Olímpicos da Juventude, Alexandre Montez conquistou duas medalhas.

Alexandre Montez era um adolescente como tantos, habituado a ser apaparicado pela mãe que lhe preparava as refeições, mandava-o estudar ou ir-se deitar, controlava-lhe as saídas com os amigos e levava-o aos treinos depois das aulas. Mas a paixão do jovem pelo triatlo e a vontade de ir aos Jogos Olímpicos de 2024 fez com que este ano a sua vida desse uma volta de 180 graus.
De um momento para o outro o jovem, com apenas 15 anos, largou “as saias da mãe” e passou a viver no apartamento do seu treinador Nuno Ricardo, em Rio Maior. O objectivo era conseguir conciliar os estudos com os treinos diários que, doutra forma, seria bem mais difícil. “Esta oportunidade foi muito boa, pois estando a morar longe de Rio Maior não seria possível conciliar tudo. Aqui consigo frequentar a escola entre as 8h20 e as 18h30 e ter treinos longos de 1h30 a 2h00 cada um”, adianta o atleta natural de Aldeia de Além, freguesia de Alcanede, concelho de Santarém.
A mudança de casa mudou também as rotinas. Todos os dias é Alexandre que tem de preparar o seu jantar, organizar o tempo para estudar e ter atenção às horas que vai para a cama. Quanto às saídas com os amigos, não sai sem a permissão do seu treinador.
“O Alexandre é um jovem como qualquer um. Gosta de sair com os amigos e divertir-se, mas nunca o impedi. Ele tem é de ter consciência que tem de seguir certas regras se quer chegar ao seu objectivo no triatlo”, diz Nuno Ricardo.

O ‘bichinho’ pegou
Foi com 10 anos que Alexandre Montez começou a praticar duatlo. “Já praticava natação na altura e o meu pai incentivou-me a participar numa prova de duatlo. Experimentei, gostei e a partir daí nunca mais parei. Entretanto, decidi começar a praticar triatlo, primeiro na brincadeira e, mais tarde, mais à séria”, conta o jovem que conquistou recentemente uma medalha de ouro em estafetas mistas e uma medalha de prata na prova individual de triatlo nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires (Argentina).
Os pais nunca deixaram de o apoiar e de estarem presentes nas provas sempre que podem. A realizar três treinos diários, Alexandre Montez, que representa o clube Outsystems Olímpico de Oeiras, confessa que não arranjou namoradas por praticar triatlo, mas foi essa modalidade que lhe deu uma lição de vida. “Aprendi a ser organizado, a cuidar mais do que como, a ter atenção às horas de sono e, sobretudo, a não baixar os braços quando aparecem as dificuldades. É esse o segredo de um bom atleta”, revela o jovem que de vez em quando sai da rotina e vai divertir-se com o seu treinador.
Teimoso e amigo do seu amigo, Alexandre Montez confessa que, quando morava em Aldeia de Além, eram os pais que o obrigavam a estudar, sempre com a mesma premissa que as notas não caíam do céu. Agora, porque vive sozinho, tem de ser ele a organizar o estudo. “O meu treinador não me obriga a estudar, mas sei que se ele vir que tenho alguma má nota em algum teste, vai castigar-me e retirar-me treinos”, revela o atleta.
A frequentar o 11.º ano de escolaridade, na Escola Secundária Dr. Augusto César da Silva Ferreira, em Rio Maior, o jovem admite não ser fácil conciliar os estudos com a prática desportiva, mas acredita que se estiver atento às aulas é mais fácil pois não é necessário estudar-se tanto. “É assim que tiro boas notas”, confessa o jovem que quer integrar o Exército português no futuro.

Um apreciador da natureza
Apaixonado pelo sossego da sua terra natal e pelo meio ambiente, Aldeia de Além é o seu destino sempre que pode. “É só na minha terra que posso descansar e apreciar a natureza”, adianta o jovem que não se considera aficionado nem tem por hábito comer pratos tradicionais do Ribatejo.
Para Alexandre Montez, apesar do triatlo estar cada vez mais na moda e ter praticantes de todas as faixas etárias, ainda há muito a fazer, sobretudo no que diz respeito aos apoios aos clubes e atletas. Era, aliás, por aí que começava se fosse presidente da câmara. “No meu caso, por exemplo, se não fosse os meus pais a suportarem as despesas de deslocação para as provas e o material de treino era impossível praticar a modalidade”, admite o atleta.

O sonho olímpico mudou a vida de Alexandre Montez

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