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Espectacular Manuel Serra d’Aire

A presidente da Câmara de Abrantes, a socialista Maria do Céu Albuquerque, protagonizou um insólito momento político ao revelar que o seu município não vai aderir ao sistema intermunicipal de abastecimento de água que está a ser criado no seio da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo porque os seus vereadores, leia-se os do PS, não aceitam essa solução que a autarca elogiou publicamente. E por isso nem levou a proposta a reunião de câmara, para não passar pelo vexame do chumbo por parte dos seus camaradas.
Já cá andamos há muitos anos e é a primeira vez que me deparo com um enredo destes. Maria do Céu Albuquerque merece um louvor pela sua humildade política e algum apoio moral por aceitar ser pau mandado dos seus vereadores numa questão estratégica, o que a levou inclusivamente a colocar à disposição o lugar de presidente da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo (CIMT). Solidários, os restantes presidentes de câmara da CIMT não aceitaram a sua demissão e percebe-se porquê: dá sempre jeito ter alguém facilmente manobrável na liderança.
Têm soado hossanas ao ministro das Finanças pelas suas façanhas com as contas públicas, nomeadamente no que toca à redução do défice para próximo do zero. E quanto mais loas se ouvem mais convencido fico que também eu sou um génio das contas. Surpreende-me que um homem seja alvo de tantos encómios quando se limita a fazer aquilo que muita gente sem licenciaturas e doutoramentos já faz no seu dia a dia e que devia constituir um princípio básico para quem gosta de andar de espinha direita: não gastar mais do que aquilo que se tem ou que se pode pagar a tempo e horas.
E ainda mais estupefacto fico com a beatificação mediática do ministro Centeno quando o défice público chega quase a zero à custa de todos nós, pobres contribuintes. Não só pelo que nos cobram de impostos como pelo que não gastam com serviços públicos essenciais. Hoje acordei mal disposto e achei que era uma boa altura de desancar no Centeno. Aliás, lembrei-me do Centeno por causa do Hospital de Santarém, que está há meses à espera que o Governo injecte capital para poder acabar as obras no bloco operatório, que continua inoperacional. Lembrei-me do Centeno quando vi reportagens com os passageiros dos comboios regionais entre Lisboa e Tomar a viajarem como sardinhas em lata. Lembrei-me do Centeno quando se vêem câmaras, como a de Santarém, a terem que pagar do seu bolso dezenas de auxiliares de educação porque o Governo não coloca os profissionais necessários nas escolas, para poupar na despesa. Assim não há défice que resista...
De qualquer forma, há males que vêm por bem e o amontoado de passageiros nas carruagens da CP também tem aspectos positivos, sobretudo agora que se aproxima o Inverno. Primeiro, porque não há ‘pica’ que se aventure a entrar em tal vespeiro. E, depois, com tanto calor humano não é necessário ligar o aquecimento, porque a temperatura está sempre tropical e pode mesmo tornar-se escaldante se por acaso calhar uma boa companhia por perto...
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