uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Autarcas não fazem o que exigem aos munícipes e mantêm colónia balnear ao abandono
Em 2011 O MIRANTE visitou a Colónia Balnear da Nazaré já bastante degradada e entretanto até as canalizações foram roubadas

Autarcas não fazem o que exigem aos munícipes e mantêm colónia balnear ao abandono

Câmaras do distrito de Santarém nem sequer cumprem ordem da Câmara da Nazaré para entaipar edifício. Há uma década que a colónia balnear do distrito de Santarém, numa zona nobre da Nazaré, está a degradar-se, tendo já havido dois incêndios no local. Presidente da Câmara da Nazaré diz-se desconsiderado pelos seus pares. Associação de dezanove municípios, presidida pelo autarca da Chamusca, demorou mais de quatro anos para apresentar projecto.

Os autarcas do distrito de Santarém devem ter sentido vergonha quando visitaram na semana passada a colónia balnear da Nazaré, que está num estado degradante e de abandono. Os autarcas reunidos na Associação de Municípios do Vale do Tejo, dona do equipamento, nem sequer dão o exemplo que exigem aos seus munícipes para evitarem ter imóveis a cair nos seus concelhos.
A Câmara da Nazaré já notificou a associação por várias vezes, segundo confirma o presidente Walter Chicharro a
O MIRANTE, para que o espaço seja entaipado, mas a ordem não foi cumprida e o espaço tem-se tornado, conforme salienta o autarca, um albergue de toxicodependentes. Não admira por isso que o presidente da Nazaré se sinta, mais que aborrecido, “desconsiderado” pelos seus pares.
Walter Chicharro diz que desde que entrou em funções há cinco anos que tem tentado sensibilizar os autarcas do distrito de Santarém para o facto de o espaço estar numa zona nobre da vila, que hoje é uma marca mundial no surf e no turismo. O autarca refere que tem havido uma inacção da maioria dos autarcas que constituem a associação. Chicharro diz que o abandono em que se encontra a colónia, construída em 1941 para proporcionar férias a crianças e jovens carenciados, já fez com que ocorressem incêndios no local. Um deles só não teve consequências mais graves porque um funcionário da autarquia mora perto e deu o alerta rápido aos bombeiros.
O autarca da Nazaré diz que tem um plano de recuperação urbana em marcha e depois tem uma mancha negra numa zona nobre da vila. Walter Chicharro recorda que os seus pares, sobretudo os da Lezíria do Tejo, sabem do seu desejo de dar um rumo digno à propriedade, estando disposto a comparticipar financeiramente no projecto, desde que isso signifique acabar com um monstro que a cada dia que passa fica pior. O autarca sublinha que a zona é bastante apetecível e que tem existido uma grande pressão imobiliária, sobretudo de investidores internacionais que gostariam de instalar um hotel no espaço.
Para Walter Chicharro o arrastar de uma situação, que se degrada e prolonga há mais de uma década, quando a colónia foi deixada ao abandono porque não cumpria as normas exigidas para este tipo de actividade, está reflectido no facto de “não ser fácil decidir numa casa com 19 cabeças a pensar”. Na altura não foram feitas obras para melhorar o espaço e as dificuldades em reunir a antiga assembleia distrital de Santarém, que era a proprietária do espaço, adiaram um projecto de requalificação da colónia, que entretanto já foi deitado para o lixo. Ao fim de muito tempo de indefinição a Comunidade Intermunicipal da Lezíria, presidida pelo presidente de Almeirim, Pedro Ribeiro, começou a fazer pressão para se acabar com o vazio e foi criada a associação dos municípios de toda a região, excepto Constância e Vila Nova da Barquinha, que não quiseram aderir.

Associação demora cinco anos para apresentar projecto
A associação é presidida pelo autarca da Chamusca, Paulo Queimado, que demorou quatro anos a mandar fazer um projecto para o local e que foi apresentado na semana passada. Mas ainda falta uma estratégia no sentido de obter fundos comunitários e/ou de financiamento por parte dos municípios. O mais certo é o custo das obras ser repartido pelas 19 câmaras. O projecto, além da requalificação do edifício, vai incluir um auditório, que foi uma sugestão de Walter Chicharro. Chegou a haver a intenção, ainda antes da criação da associação, de instalar um hotel que servisse de fonte de receitas para custear a manutenção da colónia, mas a ideia não foi tida em conta.
O edifício situado na vila balnear foi doado por um benemérito para benefício das crianças carenciadas do distrito de Santarém. O projecto feito antes de 2014 para reabilitação do imóvel e que foi abandonado, previa obras orçadas em 2,5 milhões de euros, tendo-se perdido a oportunidade de obtenção de fundos comunitários.

Autarcas não fazem o que exigem aos munícipes e mantêm colónia balnear ao abandono

Mais Notícias

    A carregar...