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Homem que perdeu tudo num incêndio procura apoio para reconstruir a casa
A casa de madeira de João Delgado foi totalmente consumida pelas chamas

Homem que perdeu tudo num incêndio procura apoio para reconstruir a casa

A próxima campanha solidária realiza-se no dia 3 de Fevereiro em Alverca. A casa que há três meses foi consumida pelas chamas, na localidade de A-dos-Potes, em Alverca, era a morada de João Delgado. Mantém-se o sonho de a reerguer, mas para isso precisa da ajuda da comunidade.

João Delgado estava na oficina onde trabalha, em Alverca, quando soube que a sua casa estava a arder. Quando chegou à pequena localidade de A-dos-Potes, ainda mantinha a esperança que as labaredas que se viam ao longe não se estivessem a alimentar da sua casa. O pior confirmou-se. Perdeu tudo o que tinha, ficando apenas com a roupa do trabalho que trazia no corpo.
O cenário era devastador. “Fumo a cobrir as duas únicas ruas da localidade e a casa transformada numa grande bola de fogo”, descreve a O MIRANTE a filha, Susana Delgado. A estrada estava cortada, ocupada pelas viaturas de três corporações de bombeiros do concelho, mas Susana, em desespero, passou as barreiras. “Precisava de encontrar o meu pai e de ver a casa a arder com os meus próprios olhos, porque não queria acreditar”, conta.
De acordo com as autoridades, o fogo foi desencadeado por um curto-circuito com origem numa arca congeladora. Apesar dos esforços dos bombeiros, que em duas horas extinguiram o fogo, apenas uma parede ficou de pé.
Foi naquela casa de madeira, construída há 50 anos com a ajuda do seu pai, que João Delgado criou três filhos. Separado da mulher, vivia sozinho e era ali, num pequeno sótão, que guardava as recordações do filho que perdeu há 13 anos. “São recordações de uma vida perdidas. Não sobrou nada senão entulho para limpar”, lamenta a filha.
Era uma casa humilde, com dois quartos, sala, cozinha e casa-de-banho, que foi sendo melhorada ao longo dos anos. Pouco antes da casa arder, Susana tinha ajudado o seu pai a substituir algumas das ripas de madeira das paredes.
Apesar de estar muito abalado com a situação, o mecânico bate-chapas, de 62 anos, nunca deixou de trabalhar. Dorme em casa da filha, numa cama que lhe foi doada, mas sonha em voltar a ter a sua casa no terreno onde agora vê crescer ervas entre os restos de entulho que por lá ficaram. “Continua a ir lá com muita frequência, embora lhe digamos para não o fazer. Senta-se e ali fica a olhar, na tentativa de encontrar algum pertence”, confessa Susana.

Apoio da comunidade tem sido fundamental
A ajuda da família, amigos, vizinhos e população de Alverca e Alhandra tem sido fundamental para João Delgado. Já foram organizadas várias campanhas solidárias e lojas de comércio local têm dado os seus contributos, com doações de roupas, mobília e electrodomésticos. “Para já não podemos aceitar grande coisa porque não temos sítio para as guardar. Mas toda a ajuda é bem-vinda”, diz Susana.
Desde Outubro último foram angariados cerca de seis mil euros. Um valor insuficiente para poderem começar a construir a futura casa de João Delgado. Esperançosa, Susana acredita que no espaço de um ano vão conseguir dar início à obra, com ajuda das doações e recurso a um empréstimo bancário. “Quero que o meu pai volte a sorrir e a ter uma vida digna. Quero que ele volte a ter a sua casa”, termina.

Bagageira Solidária para ajudar a reerguer paredes
O próximo evento surge no formato “Bagageira Solidária” e realiza-se no domingo, 3 de Fevereiro, entre as 10h00 e as 16h00, no Largo da Feira, em Alverca. O conceito é simples: basta recolher objectos a que já não dão uso, metê-los na bagageira do carro e ficar com o lucro de tudo o que vender. O custo de inscrição é de 25 euros e é esse valor que reverte directamente para a causa de João Delgado. Quem não tiver carro, também pode participar. O evento conta com o apoio do Alverca Solidário e Junta de Freguesia de Alverca e animação de um ginásio e do cantor Paulo Gato.
Quem quiser ajudar João Delgado a reconstruir a sua casa pode fazê-lo também através de um donativo para a conta do próprio, com o IBAN: PT50 0035016 100010 184130 3 0.

Um pássaro foi tudo quanto restou

Em pânico, Susana e João Delgado choravam juntos, quando um bombeiro se aproximou. “Abriu as mãos e entregou-nos um pássaro. Encontrou-o atrás da máquina de lavar, sem a gaiola, que tinha derretido. Em cerca de 20 foi o único que resistiu”, conta.
As penas outrora coloridas estavam pintadas de negro, mas aquela ave era sem dúvida uma sobrevivente. “Isto é um milagre, disse ao meu pai. Tem de ser um sinal de que tudo vai correr bem”, acredita a filha de João Delgado.

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