Arguidos do caso legionella tentam acordo com representantes das vítimas
Em cima da mesa estará uma indemnização a rondar os 2,5 milhões de euros. Associação de vítimas do surto de legionella de Vila Franca de Xira foi deixada de fora e decidiu não avançar com acção popular enquanto a tentativa de acordo estiver em curso.
Os advogados que representam os arguidos envolvidos no processo-crime do caso do surto de legionella de Vila Franca de Xira estão a tentar negociar um acordo com as vítimas oferecendo indemnizações pecuniárias individuais. A novidade veio a lume na primeira assembleia geral da Associação de Apoio às Vítimas do Surto de Legionella de Vila Franca de Xira (AAVL), realizada no sábado, 2 de Fevereiro, no Forte da Casa.
Cinquenta e oito advogados das vítimas com processos a correr na justiça foram convidados pelos advogados dos arguidos, incluindo da empresa ADP - Adubos de Portugal, visando estabelecer plataformas de acordo. Segundo as vítimas, 28 advogados terão comparecido à reunião, realizada à porta fechada no dia 28 de Janeiro no Hotel Lezíria em Vila Franca de Xira. A ADP terá, alegadamente, uma verba global disponível a rondar os 2,5 milhões de euros para chegar a acordo com as vítimas, incluindo as que não tiveram o nexo de causalidade estabelecido pelo Ministério Público.
Fonte conhecedora do processo confirma que existem contactos entre todos os envolvidos para uma resolução do assunto. Oficialmente a ADP, contactada por O MIRANTE, diz não ser oportuno prestar declarações nesta fase. Esta tentativa de acordo surge poucas semanas depois do tribunal cível de Vila Franca de Xira ter absolvido a ADP de pagar uma indemnização a Leonel Ferreira, a primeira vítima a agir na justiça e que pedia uma indemnização a rondar os 200 mil euros.
Acção popular não vai avançar
Na primeira assembleia-geral da associação de vítimas compareceram cerca de três dezenas de pessoas que decidiram, por maioria com duas abstenções, não avançar com uma acção popular contra o Estado enquanto estiverem a decorrer as negociações com os advogados dos arguidos.
Joaquim Ramos, presidente da associação das vítimas, também não se alonga em comentários notando apenas que esta “pode ser uma oportunidade” das vítimas terem uma compensação pelo que aconteceu, já que para a larga maioria “não há nexo de causalidade estabelecido”.
A título pessoal, Joaquim Ramos também confirma a abordagem realizada no Hotel Lezíria mas nota que não foram ainda divulgados valores individuais para as indemnizações, estando nova reunião entre todas as partes marcada para breve. A associação das vítimas ficou de fora dessa reunião.
O processo-crime está ainda a correr no Tribunal de Loures, faltando o arranque da fase de instrução.