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CERCI de Azambuja continua a encerrar valências e a perder funcionários
Com dívidas a rondar os 400 mil euros a CERCI tem contado com a ajuda de voluntários

CERCI de Azambuja continua a encerrar valências e a perder funcionários

Campanha de donativos a favor da instituição não surtiu o efeito desejado e familiares dos utentes temem pelo encerramento definitivo da Flor da Vida.

Depois de terminada a campanha de donativos a favor da CERCI - Flor da Vida, Carlos Neto, presidente da direcção continua preocupado com o futuro da instituição com sede em Azambuja. “Foram angariados cerca de 4.600 euros, um valor irrisório para poder fazer a diferença perante a nossa situação financeira”, diz a O MIRANTE, sublinhando que para sua surpresa os contributos das 600 empresas contactadas foram praticamente nulos. “Não podemos obrigar as empresas a serem solidárias com a nossa situação”, lamenta.
Isabel Silva tem estampada no rosto a mesma preocupação. Mãe de dois utentes da CERCI e vice-presidente da direcção, teme o pior. “As dificuldades são imensas. Dependemos da boa vontade dos funcionários que ainda não abandonaram a instituição, mas ninguém trabalha de graça para sempre”, diz a O MIRANTE.
A CERCI, instituição vocacionada para a educação e reabilitação de crianças inadaptadas dá resposta a aproximadamente 300 utentes, dos quais 24 estão em lar residencial. Em 2014 inaugurou novas instalações, numa obra de 1,3 milhões de euros. Situação que contribuiu para o desequilíbrio financeiro, com o aumento de custos de manutenção das instalações e crédito financeiro.
O responsável confirma que os funcionários continuam sem receber o subsídio de férias e Natal e o ordenado referente ao mês de Janeiro. “Despediram-se seis funcionários” nos últimos meses, por já não conseguirem suportar a falta de salários em atraso”, conta a vice-presidente da CERCI de Azambuja.
Os cuidados aos utentes estão assegurados, mas com a falta de pessoal começa a ser difícil dar-lhes resposta. Alguns funcionários prescindiram do pagamento dos subsídios para evitar que outros abandonassem a instituição, mas, como não há dinheiro, a boa vontade deles não fez a diferença, comenta Carlos Neto.

Dívidas rondam os 400 mil euros
Tal como O MIRANTE tem vindo a noticiar, a cooperativa de solidariedade social, equiparada a uma instituição particular de solidariedade social (IPSS) está endividada em cerca de 386 mil euros. A esperança reside numa candidatura ao Fundo de Socorro da Segurança Social. “O projecto de candidatura está a ser elaborado por um técnico financeiro e em breve estará concluído. O problema é o tempo que esse fundo, se for disponibilizado, vai demorar a chegar”, lamenta Carlos Neto.
No caso de encerramento, os utentes têm de ser transferidos para outras instituições, cenário que Isabel Silva prefere não imaginar. “As instituições não têm vaga para receber tantos utentes. Os meus filhos teriam de ir para casa e o mais provável é que sofressem uma regressão, pois não teriam acesso a actividades e terapias que são fundamentais para terem alguma qualidade de vida”, diz.
Recorde-se que na última auditoria financeira da Segurança Social, realizada em 2018, concluiu-se que os dinheiros atribuídos à CERCI não foram mal geridos e que não foram detectados quaisquer indícios de desvios de verbas. Esclarece ainda que a CERCI tomou medidas para tentar melhorar a sua situação financeira, entre outras, a redução dos cursos de formação profissional e a desactivação da ventilação eléctrica e ar condicionado em algumas das divisões do edifício.

Limpeza feita por voluntárias
No último mês, a direcção da CERCI reuniu com as famílias dos seus utentes, “para que ficassem esclarecidos” e “participassem na tomada de decisões”. “Muitos familiares nem sequer eram sócios da instituição, por desconhecimento de que podiam contribuir com o pagamento de quotas”, diz Isabel Silva.
Entretanto, as duas funcionárias responsáveis pela limpeza despediram-se, sendo essa tarefa desempenhada agora por duas mães de utentes que se disponibilizaram voluntariamente.

Fecho de valências preocupa

Para além dos cursos profissionais que a CERCI abandonou, a hipoterapia - com recurso a cavalos - também deixou de se realizar, por não haver meios para pagar a um funcionário qualificado para realizar essa actividade. Em Janeiro, a CERCI renunciou ainda os protocolos que mantinha com a Câmara de Azambuja, de utilização do edifício na Rua Vítor Coutinho da Costa, do espaço na Quinta do Valverde e da Loja Social.

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