uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Presidente dos bombeiros do Entroncamento acusa câmara de falta de apoio
O presidente da Câmara do Entroncamento (à esquerda) e o presidente da direcção dos bombeiros (à direita), com Levy Correia (ao centro) em Janeiro de 2012

Presidente dos bombeiros do Entroncamento acusa câmara de falta de apoio

“Associação Humanitária recebe o subsídio mais baixo da região e quiçá do país”. O presidente da direcção dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento, José Salvado, foi à assembleia municipal criticar a falta de apoio da câmara. Apanhado de surpresa, o presidente da câmara, Jorge Faria (PS), que também é presidente do conselho fiscal da associação, disse suspeitar que o orador tem uma agenda própria escondida, que quer concretizar usando os bombeiros.

O presidente da direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Entroncamento, José Salvado, usou da palavra na sessão de 29 de Abril da Assembleia Municipal do Entroncamento, no período reservado ao público, para atacar o que considera ser a falta de apoio do município à associação que dirige, situação que considera poder comprometer a segurança de bens e pessoas.
Apanhado de surpresa, o presidente da Câmara do Entroncamento, Jorge Faria (PS), que também integra os órgãos sociais dos bombeiros, sendo presidente do conselho fiscal, disse não compreender a opção pela exposição pública dos assuntos dos bombeiros por parte do presidente da direcção e lançou a suspeita de o mesmo ter uma agenda própria para a qual estaria a tentar usar os bombeiros.
“Tem sido prática, até hoje, quando há um problema, o sr. presidente coloca-o e nós, dentro do possível, vamos encontrando soluções, em prol dos bombeiros e da cidade. Eu só vejo isto como alguma tentativa de protagonismo e com alguma agenda que o sr. presidente da associação humanitária possa ter e para a qual queira usar os bombeiros, mas comigo não conta!”, declarou o autarca.
Ao longo da sua intervenção, José Salvado referiu o trabalho dos bombeiros no âmbito da protecção civil municipal e no apoio a doentes, nomeadamente através do transporte em ambulância, tendo referido dificuldades, tanto numa área como noutra. O dirigente afirmou que a câmara municipal tem responsabilidades na protecção de pessoas e bens e que o seu diminuto apoio aos bombeiros está a contribuir para a degradação do serviço prestado à população.
Referindo que o apoio mensal dado pela câmara aos bombeiros, no valor de 2.250 euros é o mais baixo a nível dos apoios dados pelas autarquias da região (Barquinha 8.333,33 euros; Alcanena 6.000,00 euros; Torres Novas 6.250,00 euros, Ferreira do Zêzere 12.500,00 euros; Almeirim 14.583,33 euros, etc...) e provavelmente de todo o país, José Salvado reivindicou um aumento do mesmo para um mínimo de 6.500,00 euros e defendeu a existência de “protocolos bem definidos” entre a câmara e os bombeiros.
“Todo o corpo de bombeiros tem que estar devidamente equipado para responder com eficácia e segurança a todas as solicitações. Recentemente tivemos ajuda de corporações vizinhas em termos de Equipamentos de Intervenção Individual e foram-nos oferecidos trinta capacetes urbanos pela associação dos bombeiros do Estoril mas temos necessidade de cinquenta Equipamentos de Intervenção Individual e não temos cinquenta mil euros para os comprar”, sublinhou José Salvado.
“Na área da protecção civil os bombeiros são um pilar fundamental e é uma área onde a associação é penalizada, sem qualquer comparticipação financeira adequada. Os meios que temos já não são os adequados. A nível do transporte de doentes, os combustíveis aumentaram e os preços mantiveram-se dadas as dificuldades da maior parte das pessoas. Temos duas equipas de socorro permanente, uma INEM, da responsabilidade dos bombeiros e uma de reserva, da responsabilidade da autarquia mas que até ao momento tem sido suportada pela associação”, acrescentou o presidente da direcção dos bombeiros.
Perante a catadupa de problemas financeiros apresentados, o presidente da câmara disse estar admirado. “Sou presidente do conselho fiscal da associação dos bombeiros e não tenho conhecimento de uma situação financeira desequilibrada. E garanto que estou atento à situação financeira. A não ser que no último mês tenha havido uma situação de descalabro”, disse Jorge Faria.

“Tão amigos que eles eram”

José Salvado foi eleito presidente da direcção dos Bombeiros do Entroncamento pela primeira vez em Janeiro de 2012, após a direcção anterior, liderada por Filipe Graça, ter sido forçada a demitir-se na sequência de um movimento de contestação dos elementos do corpo operacional.
Na lista para os corpos gerentes, que não teve oposição, Jorge Faria, foi eleito presidente do conselho fiscal e Levy Correia, Superintendente chefe aposentado que chegou a ser o comandante distrital de Santarém da PSP, foi eleito presidente da mesa da assembleia geral.
Os três foram reeleitos para novos mandatos em 2014 e 2017. (Em 2014 a lista do antigo presidente, Filipe Graça, foi rejeitada por alegadas falhas na sua constituição e em 2017 uma lista do mesmo ex-dirigente perdeu as eleições para a lista de Salvado, Faria e Levy Correia).
O episódio de confronto vivido a 29 de Abril por José Salvado e Jorge Faria, poderá vir a criar um clima de instabilidade directiva nos bombeiros uma vez que o presidente da associação fez questão de dizer que se a câmara não alterasse a sua política de apoio, estaria em causa “...a continuidade da sua direcção”.

Presidente dos bombeiros do Entroncamento acusa câmara de falta de apoio

Mais Notícias

    A carregar...