A visibilidade e a proximidade a altas figuras do partido garantiram a Duarte Marques o terceiro lugar na lista do PSD pelo círculo de Santarém, potencialmente elegível, depois de ter sido varrido da lista indicada pela distrital do partido. Na madrugada de quarta-feira, 31 de Julho, o conselho nacional aprovou uma lista às eleições legislativas, que substitui o advogado de Santarém, Ramiro Marques, pelo actual deputado natural de Mação, que é próximo do vice-presidente e histórico do partido Morais Sarmento.
Na capital de distrito, essa escolha caiu como um balde de água fria. Ramiro Matos não aceitou integrar a lista por Santarém no quinto lugar (por força das quotas de género, o quarto lugar tem que ser uma mulher) e confessa-se bastante decepcionado com a forma como decorreu o processo, deixando críticas implícitas a Rui Rio, de quem foi mandatário concelhio nas eleições internas do partido. “O PSD não me excluiu, empurrou-me para baixo e eu não estou disponível para encher listas com as quais não concordo”, diz o advogado escalabitano.
Face a essa realidade, a concelhia de Santarém do PSD entendeu não indicar mais nenhum nome para integrar a lista e o seu envolvimento na campanha eleitoral deve ser reduzido ou nulo. “Foi um balde de água fria para Santarém e achamos que a direcção nacional do partido teve um comportamento impróprio”, considera Ramiro Matos, que é vice-presidente da concelhia liderada pelo presidente da câmara Ricardo Gonçalves.
Militante do PSD há 26 anos, Ramiro Matos lamenta que as pressões de figuras de peso no partido tenham imposto Duarte Marques na lista, desrespeitando as indicações da distrital do PSD, e sublinha que os cargos nunca foram a sua motivação para estar na política. “Não estou minimamente triste por não entrar na lista mas estou decepcionado com o processo a nível global e com a forma amadora como decorreu”, afirma, sublinhando que não pediu a ninguém para ser candidato: “As pessoas pediram-me para indicar o meu nome, que a concelhia aprovou por unanimidade e a distrital por larga maioria”.

Presidente da distrital conformado
O presidente da distrital de Santarém do PSD, João Moura - que foi o cabeça de lista indicado pela distrital do PSD e que acabou relegado para o segundo lugar pela direcção nacional - também não ficou propriamente exultante com a inclusão de Duarte Marques e vai ter de lidar com um colega pelo qual não nutre grande simpatia, até por causa de divergências em eleições internas. Mas, publicamente, Moura passa uma imagem de tréguas políticas.
João Moura ressalva no entanto que Duarte Marques é melhor que qualquer candidato da lista do PS e diz que agora é necessário respeitar a decisão da nacional do partido e o deputado que não queria como colega. Para João Moura, na política não se pede que as pessoas sejam amigas, porque “o que é necessário é trabalharmos em conjunto, respeitar as opções e olhar em frente”. O líder distrital conclui que apesar das divergências são todos companheiros do mesmo partido e isso é o mais importante.
Duarte Marques já tinha dito numa entrevista a O MIRANTE que o seu caso não estava fechado, quando a distrital divulgou as escolhas. João Moura chegou mesmo a dizer que Ramiro Matos era uma opção com mais garantias e, agora que o líder do partido encerrou o caso, continua a defender essa posição, dizendo mesmo que nem sempre na política a visibilidade se traduz em votos, referindo-se ao facto de Duarte Marques ser um deputado que está sempre na berra.