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DGPC só deu parecer sobre vivendas na Póvoa de Santa Iria depois de estarem demolidas
Vivendas demolidas na Póvoa de Santa Iria não tinham interesse nacional, diz a Direcção Geral do Património Cultural

DGPC só deu parecer sobre vivendas na Póvoa de Santa Iria depois de estarem demolidas

Direcção-Geral do Património Cultural diz que edificado não reunia valor para distinção nacional mas admite que se tivesse tido mais tempo para analisar a situação podia ter chegado a outra conclusão. Vereador sugere intervenção do Ministério Público.

O conjunto de antigas vivendas da Solvay que foram demolidas na Póvoa de Santa Iria, para ali se construir um loteamento privado, não reunia os valores patrimoniais inerentes a uma distinção de valor nacional, considerou a Direcção Geral do Património Cultural (DGPC). O município de Vila Franca de Xira recebeu a 5 de Julho o ofício daquela entidade estatal informando da decisão de arquivar o pedido de abertura de procedimento de classificação das antigas moradias como imóveis de interesse nacional.
A decisão de arquivamento tem por base o parecer do departamento de bens culturais daquela entidade, que considera que as vivendas “não reúnem os valores patrimoniais inerentes a uma distinção com valor nacional”, por se tratar do que dizem ser uma pequena intervenção “desligada do complexo fabril que lhe deu origem, em si mesmo muito modificado”, parcialmente alterado fruto de outras construções erguidas posteriormente e com construções que revelam “uma arquitectura de desenho competente” mas que não evidenciam um carácter excepcional que mereça tal distinção.
A DGPC, no entanto, admite que com outro tempo para investigar, “visitando e reunindo informação, poderia ter-se chegado a conclusões mais informadas e assertivas” que já não foram possíveis de obter pelo facto de três das moradias já terem sido demolidas. “O que não obsta a que o conjunto não tenha, pese embora as demolições, eventualmente, valor patrimonial e da memória a nível local, questão que compete em exclusivo ao município e aos seus cidadãos a sua respectiva avaliação”, lê-se no documento.
O ofício foi dado a conhecer pelo presidente do município, Alberto Mesquita (PS), depois do vereador Carlos Patrão, do Bloco de Esquerda, ter insistido na necessidade do Ministério Público investigar a demolição. “Suspeito que a célere demolição das vivendas foi para evitar uma análise mais profunda da questão e assim o município já não pode avaliar se aquele tem valor patrimonial”, defendeu.

Vivendas desenhadas por arquitecto conceituado
Em causa, recorde-se, está a demolição, em meados de Junho, de várias vivendas do antigo parque habitacional da Solvay junto à Estrada Nacional 10 na Póvoa de Santa Iria, desenhadas pelo conceituado arquitecto português Raul Lima (1909-1980), sobre as quais, à data das obras, pendiam pareceres de classificação solicitados à DGPC. Tudo para que nasça no local um novo loteamento, que tem dividido opiniões.
O arquitecto Raul Lima projectou, entre outros, salas de espectáculos, tribunais, bairros de pescadores, museus e prisões, incluindo a de Alcoentre, em Azambuja. O novo loteamento irá reabilitar 11 vivendas e criar três novos lotes destinados a habitação, com edifícios até quatro pisos e com uma cave, com um total de 73 novos fogos em modelo de condomínio fechado.

DGPC só deu parecer sobre vivendas na Póvoa de Santa Iria depois de estarem demolidas

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