É uma armadilha a ligação da Ponte Salgueiro Maia a Santarém
Curvas perigosas já provocaram vários acidentes e não são feitas obras no local. O acesso da Ponte Salgueiro Maia a Santarém e à circular urbana foi feito provisoriamente há 19 anos e tornou-se definitivo, porque caiu a ideia de se fazer a ligação directa da ponte à Auto-Estrada 1. É um pedaço de estrada que é uma armadilha que deixa mal a segurança rodoviária.
A ligação entre a Ponte Salgueiro Maia e a Circular Urbana D. Luís I (Rua O), em Santarém, é um “autêntico assassínio”, segundo analisa o formador de condução automóvel Custódio Tomé, realçando que este tipo de engenharia rodoviária seria chumbado se houvesse preocupação com a segurança rodoviária. O também representante da Associação Nacional Industriais de Ensino Condução Automóvel considera que esta obra é um “modelo à portuguesa” do desenrasca, onde já aconteceram vários acidentes, alguns graves, e que continua na mesma sem que alguém se preocupe com o assunto.
Para Custódio Tomé, “enquanto as entidades não forem penalizadas pelo que fazem mal em termos de segurança rodoviária, continuaremos a ter sinistralidade”. Este acesso foi construído como solução de recurso porque a ideia era fazer a ligação directa à Auto-Estrada nº 1 (Lisboa-Porto) e à cidade. Mas o projecto foi abandonado há 19 anos quando a ponte foi inaugurada. É uma curva e contra curva perigosa onde até já houve o despiste de um jipe da Força Especial de Bombeiros, que resultou em cinco feridos.
A aberração começa pelo facto de a velocidade na ponte ser de um máximo de 100 quilómetros por hora e de os condutores terem de reduzir para 50 repentinamente, sem estarem à espera. Mais aberrante ainda é o facto de perante tantos acidentes, muitos deles com camiões que tombam e interrompem a circulação durante várias horas, e de se verificar que o acesso é perigoso, não se fazerem obras para melhorar as condições de segurança, já que a ligação à auto-estrada nunca mais será feita, conforme vaticina Custódio Tomé. Pelo menos, refere o especialista, devia-se tornar o acesso mais suave.
INSEGURANÇA NA CIRCULAR URBANA USADA COMO se FOSSE AUTO-ESTRADA
O trânsito na circular urbana, mais conhecida por Rua O, é cada vez mais intenso e as condições da via são cada vez piores. Custódio Tomé realça que esta via é usada como se fosse auto-estrada devido ao seu perfil de duas faixas para cada lado e por ser a ligação entre a ponte e as auto-estradas A13, A1 e A15. O piso está mais degradado a cada dia que passa e até o formador de condução tem de agarrar bem no volante para manter o carro a direito, devido à irregularidade do pavimento.
Além do mau estado da estrada, há outros problemas que nunca foram resolvidos, como a saída das bombas de combustível da BP, que não tem faixa de aceleração. O que constitui “um perigo autêntico”. É premente reforçar pelo menos a camada de desgaste do pavimento da Rua O, sublinha Custódio Tomé.
Muitos acidentes com mortos e feridos graves
O distrito de Santarém ocupa o quarto lugar a nível nacional em número de feridos graves em acidentes. Entre 1 de Janeiro e 21 de Julho, segundo os últimos dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, são já 102 as pessoas que ficaram gravemente feridas em acidentes. O distrito só é ultrapassado pelos de Lisboa (178), Porto (113) e Faro (111), onde há muito mais trânsito. No mesmo período do ano passado, Santarém tinha registado 114 feridos graves e em 2017 foram 90.
De entre os 18 distritos do país, Santarém também fica mal no que toca ao número de mortos em sinistros rodoviários, tendo atingido os 19 no primeiro semestre deste ano, mesmo assim menos um que em período idêntico do ano de 2018. Acima de Santarém estão os distritos de Aveiro (20), Lisboa (22), Braga (23) e Porto (28). Situação que pode ser potenciada pelo facto de o distrito ser atravessado pela Auto-Estrada 1, uma das mais movimentadas do país. Neste período já ocorreram 2.926 acidentes, mais 270 que em 2018.