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Noventa por cento das pessoas com Hepatite não sabem que estão infectadas
Prisão de Torres Novas recebe equipa do Hospital de Santarém para consultas e rastreio de hepatites aos reclusos

Noventa por cento das pessoas com Hepatite não sabem que estão infectadas

Dia Mundial Contra as Hepatites lembra objectivo de erradicação da doença até 2030. Portugueses ainda desconhecem os riscos e as formas de transmissão das hepatites, mas existe na região um programa de consultas e rastreio que leva uma equipa do Hospital Distrital de Santarém ao Estabelecimento Prisional de Torres Novas e que é apontado como exemplo no controlo da doença.

O Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do Hospital Distrital de Santarém (HDS) é, na região, um bom exemplo de resposta que tem sido posta em prática no controlo da hepatite. A instituição segue actualmente cerca de 400 pacientes com hepatite C crónica, com uma equipa a deslocar-se mensalmente ao Estabelecimento Prisional de Torres Novas para realizar consultas e rastreio de hepatites virais e vírus da imunodeficiência humana (VIH), numa acção que resulta do protocolo assinado em Julho de 2018 entre os Ministérios da Justiça e da Saúde.
Portugal registou no ano passado 268 casos de hepatite C, 174 de hepatite B e 83 de hepatite A, segundo o Relatório do Programa Nacional para as Hepatites Virais da Direcção-Geral da Saúde (DGS). Em 2018 foram notificados 174 casos de hepatite B, mais um face a 2017, a maioria homens com mais de 37 anos, refere o documento divulgado na segunda-feira, 29 de Julho, em Lisboa, na iniciativa “Portugal Rumo à eliminação da Hepatite C”. Uma iniciativa realizada no âmbito do Dia Mundial contra as Hepatites, assinalado a 28 de Julho.
As comemorações de 2019 são um lembrete que esta doença pode ser eliminada até 2030 com a afectação de recursos adequados e vontade política, recorda a Organização Mundial da Saúde. De acordo com Arsénio Santos, coordenador do Núcleo de Estudos das Doenças do Fígado da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, os números são preocupantes. À escala mundial, as hepatites virais causam todos os anos a perda de 1,4 milhões de vidas, mas apesar do seu impacto, calcula-se que nove em cada dez pessoas com a doença desconheçam estar infectadas.
Estima-se que na União Europeia a prevalência da doença seja de 0,9 por cento para a infecção pelo vírus da hepatite B e de 1,1 por cento para o vírus da hepatite C, o que corresponde à existência de 4,7 milhões e de 5,6 milhões de infectados, respectivamente. Para o clínico, os portugueses ainda desconhecem os riscos e as formas de transmissão das hepatites, o que é grave, uma vez que o diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível e a grande aposta deve recair na necessidade de impedir a transmissão da doença.
O relatório destaca, em Portugal, as elevadas taxas de vacinação contra a hepatite B, que ultrapassaram nos últimos anos os 95%. Em 2018, 98% das crianças com um ano estavam vacinadas. Para Isabel Aldir, directora do Programa Nacional para as Hepatites Virais, esta taxa de cobertura é assinalável e faz com a população até aos 37 anos de idade esteja protegida, o que é uma ajuda para se terminar com a situação da hepatite B enquanto problema de saúde pública.

O que é a hepatite

A hepatite é uma inflamação do fígado que pode desaparecer espontaneamente ou progredir para fibrose, cirrose ou cancro do fígado. Os vírus são a causa mais comum de hepatite no mundo, mas pode também ser causada por substâncias tóxicas como o álcool ou alguns medicamentos. A hepatite viral compreende as hepatites A, B, C, D e E. As hepatites A e E são geralmente causadas por ingestão de alimentos ou de água contaminados, enquanto as hepatites B, C e D derivam do contacto com fluidos corporais infectados, quer através de transfusão de sangue, de produtos sanguíneos contaminados ou de procedimentos médicos invasivos. A transmissão da hepatite B pode ocorrer também através do contacto sexual. A infecção manifesta-se através de icterícia, urina escura, cansaço intenso, náuseas, vómitos e dor abdominal. Quando o diagnostico é feito atempadamente a doença, por norma, tem cura.

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