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“Um país que esquece a sua cultura é um país que não está a progredir”
Ana Maria Malta no seu atelier no centro de Vila Franca de Xira com a peça vencedora do International Prize Diego Velázquez de Barcelona

“Um país que esquece a sua cultura é um país que não está a progredir”

Ana Maria Malta é uma das mais reconhecidas pintoras de Vila Franca de Xira. Tem um percurso singular no mundo da pintura e foi fundadora de várias associações ligadas à cultura. Sócia titular da Sociedade Nacional de Belas Artes, está a assumir-se este ano como uma revelação nas principais mostras de pintura na Europa. Venceu em Abril o prémio Velázquez de Espanha e em Junho foi eleita artista do ano numa mostra em Itália.

A pintora Ana Maria Malta dá à cultura uma importância fundamental para o país. A artista, nascida, criada e ainda a residir em Vila Franca de Xira recebeu em Abril o prémio internacional Diego Velázquez, que lhe foi atribuído pelo seu percurso nacional e internacional na pintura e, em Junho, o “Artist of the Year” numa mostra em Itália.
Ana Maria Malta viu também o Instituto Comnéne Palaiologos de Educação e Cultura, signatário do pacto global das Nações Unidas, atribuir-lhe o título de Embaixadora Cultural da Paz.
“É preciso despertar a consciência do público em geral para a importância da cultura no dia-a-dia, porque um país que se esquece da cultura é um país que não está a evoluir e a progredir”, defende, em contraponto ao que se passa em Portugal.
“Os portugueses gostam de música alegre, de conviver e de petiscar. Andam quilómetros para ir a um festival do marisco ou da sardinha mas não para ver uma mostra cultural. Normalmente numa exposição estão apenas os artistas e se é uma iniciativa local, o presidente da câmara ou um vereador. Isso entristece-me. Já devíamos estar mais sensibilizados para a cultura”, sublinha.
Só este ano a pintora já tem mais de vinte exposições em curso no território nacional. “O país e o concelho de Vila Franca de Xira estão com uma oferta cultural extraordinária mas nem sempre as pessoas aderem”, lamenta. A artista também não se deixa iludir e critica certas situações. “Infelizmente há municípios que fazem exposições apenas para as usarem como estatísticas nos boletins municipais”.
Ana Maria Malta gostaria que as pessoas fossem mobilizadas para a arte. “Temos de ir ao âmago das pessoas e mobilizá-las. Precisamos de despertar as pessoas para a cultura. Temos de investir em cultura nos mais novos”, refere.

A pintar desde a infância
Desde pequena que Ana Maria Malta se apaixonou pelas artes e pela pintura. Cresceu em Vila Franca de Xira, na altura uma terra “calma e sem pressas, onde toda a gente se conhecia”.
Diz que havia tempo para se nascer, passar pela infância, adolescência, idade jovem e adulta. “Hoje não acontece o mesmo. Aos 13 as crianças são adultos prematuros, aos 30 adolescentes, aos 40 estão ainda a ganhar maturidade e aos 50 estão fartos da vida”, nota.
O seu bisavô era um homem culto e Ana, vinda de uma família de classe média, cresceu cercada de livros e pinturas. Não viveu da arte e durante trinta anos trabalhou como analista química. A profissão acabou por lhe dar a tranquilidade e estabilidade financeira necessárias para poder continuar a pintar.
“Custa-me muito vender as obras. Não era capaz de fazer o que faço se tivesse de vender para sobreviver e pagar contas. Tenho enorme gratidão por poder fazer o que gosto sem ter de estar à espera do retorno. Isso deu-me a tranquilidade necessária para crescer enquanto artista”, explica.
Ana Maria Malta já teve os seus trabalhos expostos em centenas de exposições, tanto em Portugal como no estrangeiro. Venceu inúmeros prémios e recebeu muitas distinções. A sua prática principal é a pintura a pastel. Diz que o segredo da pintura é o esforço, empenho e muito trabalho. Gosta sobretudo de realizar interpretações sobre a natureza.
É sócia titular da Sociedade Nacional de Belas Artes e fundadora do GART – Grupo de Artistas e Amigos da Arte de Vila Franca de Xira. Estudou com a escultora Stella D’Albuquerque e com o mestre Óscar de Carvalho. A sua obra encontra-se repartida em colecções públicas e privadas por todo o mundo. 18 delas integram o acervo do Museu do Neo-Realismo.
Em 2000 a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira distinguiu-a com o galardão de cidadã de mérito. Em Abril a câmara municipal também lhe atribuiu a medalha dourada de valor cultural do município.

“Um país que esquece a sua cultura é um país que não está a progredir”

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