Jacintos-de-água estão a afectar o rio Sorraia e resistem às tentativas de eliminação
Associação de Regantes e autarquias esperam soluções do Ministério do Ambiente. Entidades não se desresponsabilizam da presença dos jacintos-de-água no rio Sorraia, mas admitem que a remoção das plantas é um trabalho inglório e bastante caro.
A Associação de Regantes e Beneficiários do Vale de Sorraia e a Câmara de Coruche afirmam estar a trabalhar para remover os jacintos-de-água que infestam o rio Sorraia mas admitem que a remoção das plantas é um trabalho inglório e bastante caro.
Segundo o presidente da Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Sorraia, José Núncio, o problema tem-se agravado nos últimos anos dado que tem havido grandes períodos de seca e a água do rio fica parada, condições propícias ao desenvolvimento dos jacintos. O dirigente refere que a remoção das plantas tem sido feita com recurso a uma ceifeira aquática mas passados quinze dias os jacintos voltam a aparecer.
“Sabemos que a aplicação de químicos seria uma solução mais eficaz, mas como não é permitida essa solução temos de recorrer a meios mecânicos”, diz José Núncio, adiantando que a associação não tem qualquer apoio financeiro que compense o aluguer das máquinas que ascende, em média a sessenta euros por hora.
“Normalmente avançamos com a remoção consoante a urgência e a disponibilidade das ceifeiras e costumamos trabalhar nas zonas junto a pontes, onde as máquinas conseguem ir”, refere o dirigente, considerando que os mais prejudicados com a praga são sobretudo os peixes, que morrem por falta de luz solar.
O presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, refere que, em conjunto com o presidente da Câmara de Benavente, já expôs a situação ao Ministério do Ambiente e espera uma solução eficaz para a eliminação da praga de jacintos-de-água. O autarca explica que o seu município tem feito a remoção, através de meios mecânicos, das massas vegetais flutuantes nas zonas urbanas, onde têm responsabilidade, mas que a situação piora sempre nos meses de Verão.
“Os jacintos já estão a fazer desaparecer algumas espécies do rio”
José Pastoria, professor de Educação Física e criador do movimento desportivo “Treino em Família”, conta que faz canoagem há vários anos no rio Sorraia mas desde que a praga de jacintos-de-água começou a piorar, há cerca de cinco anos, teve de parar.
A residir em Benavente, o professor garante que a situação é preocupante e que, se nada for feito, o rio vai morrer em pouco tempo. “As entidades têm de fazer alguma coisa urgentemente. Está em causa não só o ecossistema do rio, mas tudo o que envolve o rio”, alerta, acrescentando que, na sua opinião, se a manutenção fosse realizada com maior frequência o rio nunca ficaria como actualmente se encontra.
A bióloga Sandra Alcobia, que trabalha na Companhia das Lezírias, em Samora Correia, refere que o que se pretende não é acusar ninguém mas alertar para o que poderá acontecer no futuro caso não se faça nada para resolver a praga de jacintos-de-água. “Estamos a assistir a uma perda gradual de espécies de peixes, mas também à aparição do peixe-gato, que não é mais do que um predador que acaba com tudo”, refere.
Uma planta que “asfixia” tudo
O jacinto-de-água (Eichhornia crassipes) é uma planta flutuante que se desenvolve em águas paradas e que aos poucos vai alastrando formando autênticos tapetes verdes que impedem a entrada de luz solar e a oxigenação das águas, com graves consequências para fauna e flora.
As zonas afectadas por esta praga sofrem taxas de evaporação três a quatro vezes acima do normal e a decomposição da planta aumenta os níveis de procura química e biológica de oxigénio. Por outro lado a planta entra nos canais de rega bem como em tubagens e pode levar a entupimentos.