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Padre Graça diz-se injustiçado com decisão do Bispo
Padre José da Graça continua a ter o apoio dos paroquianos de Abrantes

Padre Graça diz-se injustiçado com decisão do Bispo

Pároco de Abrantes disse a O MIRANTE que está desiludido com a situação que levou ao seu afastamento. Movimento Social de Apoio e Reconhecimento ao Cónego José da Graça diz que Bispo Antonino Dias é que tem que pedir a demissão.

O cónego José da Graça diz-se desiludido com a decisão do Bispo da Diocese de Castelo Branco-Portalegre e considera uma injustiça ter sido retirado das paróquias do concelho de Abrantes onde estava há várias décadas. A O MIRANTE o padre mostrou-se agastado com a situação e diz que a única coisa que lhe dá ânimo é o apoio que tem tido por parte da comunidade abrantina. “Ainda não decidi se vou recorrer da decisão do senhor bispo. Tenho dez dias para o fazer mas ainda não tomei uma decisão. Não sei se vale a pena”, afirmou a O MIRANTE.
Na semana passada o Bispo D. Antonino Dias reuniu com elementos do Movimento Social de Apoio e Reconhecimento (MOSAR) ao Cónego José da Graça tendo rejeitado as pretensões deste grupo de cidadãos de Abrantes que tinha apelado à reintegração do padre José da Graça, dispensado de funções depois de condenado em tribunal por burla e falsificação de documentos. Em comunicado, publicado no site da Diocese de Castelo Branco-Portalegre, D. Antonino Dias reitera a dispensa do pároco, de 76 anos, 34 dos quais dedicados às paróquias de São Vicente e São João, em Abrantes, e confirma que os motivos da dispensa estão relacionados com as acusações em tribunal que sobre si pendiam. No mesmo comunicado anuncia ainda a publicação de um decreto que coloca o padre José da Graça como vigário em Portalegre.
O empresário Domingos Chambel, do grupo MOSAR, refere que vão aguardar os próximos 40 dias para perceber se o cónego José da Graça vai recorrer da decisão ou não. O padre tem dez dias para apresentar a sua defesa e o bispo tem 30 dias para analisar a situação. Durante esse período o bispo terá que ouvir a sociedade civil, as instituições e congregações com assento na lei canónica. “O senhor bispo não nos ouviu na reunião que tivemos, foi uma autêntica desilusão e consideramos que está muito mal aconselhado. Agora só nos vamos pronunciar após os 40 dias que decorrem dos trâmites legais. Só depois é que vamos tomar uma decisão sobre as medidas a tomar”, explicou Domingos Chambel a O MIRANTE.
O bispo refere, em comunicado, que esperava que o Padre Graça pusesse o lugar à disposição, mesmo que não se sentisse culpado. Concorda que ele tem direito à presunção da inocência, mas não abdica da sua autoridade e da decisão que já tomou, que é afastá-lo.
O sacerdote, foi condenado em 12 de Junho a cinco anos de prisão, com pena suspensa por igual período, pelos crimes de burla qualificada, burla tributária e falsificação de documentos, num esquema que terá lesado o Estado em cerca de 200 mil euros através do Centro Social Interparoquial de Abrantes, instituição da qual era presidente.
Pedro Moreira, um terapeuta e ex-autarca de Alferrarede, que trabalhou 15 anos com o padre José da Graça, também foi condenado pelo tribunal igualmente com pena suspensa. Foi ele que denunciou o esquema às autoridades. Pedro Moreira despediu-se do emprego e passados cinco meses alertou a inspecção “para fraudes, ilegalidades e irregularidades”, o que deu origem a uma investigação, que agora acabou em condenação.

Movimento de cidadãos de Abrantes defende que Bispo deve demitir-se

Em comunicado, o MOSAR lembra que o movimento tem uma forte adesão que ultrapassa já largamente o milhar de abrantinos que defendem a continuidade do cónego José da Graça e faz notar que “a sentença [...] não tem como base a prática do ilícito, mas a sua responsabilidade hierárquica e administrativa da instituição, a qual, tem como responsável máximo o sr. bispo”.
Nesse sentido, “considerando que o Sr. Cónego José da Graça em nada beneficiou ou tirou vantagem económica para si, directa ou indirectamente, com o pretenso ilícito, o qual, se verificado, teve como último e único beneficiário a instituição pertencente à Diocese, da qual o sr. bispo é o responsável máximo, como consta dos Estatutos do Centro Social Interparoquial de Abrantes”, o porta-voz do movimento de cidadãos entende que “é o próprio bispo quem tem de assumir as suas responsabilidades” hierárquicas e “colocar o lugar à disposição ou pedir a demissão”.

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