De moço de recados a dono de restaurante
Horácio Caetano gere A Caravela, em Santarém, há mais de trinta anos. Começou a trabalhar aos 13 anos como moço de recados numa mercearia na zona de Lisboa. Aos 16 anos mudou-se para Santarém, onde foi pasteleiro até se estabelecer por conta própria com o restaurante A Caravela. Passa a maior parte do tempo entre tachos e panelas e no atendimento aos clientes.
Não usa avental nem chapéu de chefe mas Horácio Caetano passa muitas horas de volta do fogão na cozinha do restaurante e cervejaria A Caravela, em Santarém, popular estabelecimento de que é proprietário há mais de trinta anos. A sua especialidade são os caracóis que diz ter o segredo no molho. Horácio, 62 anos, começou bem cedo no mundo do trabalho a distribuir produtos de mercearia nas casas das senhoras de Lisboa mas foi em Santarém que se estabeleceu, primeiro como pasteleiro e, mais tarde, como dono de um restaurante. Homem enérgico, com uma piada sempre na ponta da língua, divide-se hoje entre tachos e panelas e a família.
Nascido em Mendiga, concelho de Porto de Mós (Leiria), Horácio Caetano sempre foi uma criança pouco exigente. Talvez seja por isso que nunca se importou de abdicar do pouco tempo para a brincadeira para ajudar o avô na agricultura ou a tratar dos animais. E porque sempre teve uma costela de aventureiro, foi aos 13 anos que decidiu largar os estudos para ir trabalhar como moço de recados numa mercearia em Oeiras.
“Um amigo da terra arranjou-me trabalho e lá fui sozinho”, conta o empresário da restauração, lembrando que teve uma grande ajuda do patrão que, quando ia à sua terra no norte do país, levava-o sempre a Mendiga para ir passar o fim-de-semana com os pais. Na altura, admite, o que mais gostava era de receber gorjetas, mas também chegou a receber várias peças de roupa dadas pelas senhoras.
Horácio trabalhou na mercearia em Oeiras dos 13 aos 16 anos, quando, através de uns primos que residiam em Santarém, começou a trabalhar na emblemática residencial Abidis, no centro histórico da cidade. Aí iniciou-se no ofício da pastelaria mantendo-se durante seis anos quando decidiu pedir um aumento de salário ao patrão. “Ainda tentei, mas ele não aceitou e decidi mudar-me para a Pastelaria Bijou, em Santarém”, adianta o empresário, que trabalhou naquele estabelecimento durante seis anos.
“A minha parte era mais a de forneiro. Controlava os bolos que entravam e saíam dos fornos. Mas também ajudava noutras funções”, adianta, dizendo que antes de ter aberto o seu negócio trabalhou durante alguns anos como responsável nos restaurantes Noite e Dia e Ponte D’Asseca, em Santarém.
Novos restaurantes são importantes
Horácio Caetano passa os dias a confeccionar petiscos e a atender os clientes. O seu dia começa pelas 08h30 da manhã, quando toma o pequeno-almoço e arranca para o restaurante. A partir daí só há pausas para almoçar e jantar, chegando a casa só a partir das 02h30 da madrugada. “Normalmente tenho a ajuda do meu filho, para não ser tão cansativo. É quase uma passagem de testemunho”, refere.
Com um restaurante aberto há mais de trinta anos, o empresário da restauração já lidou com vários tipos de clientes e garante que os piores são mesmo aqueles que começam a dar palpites de como se devia ter cozinhado ou como devia apresentar o prato. “Há ainda os que saem sem pagar e vamos atrás deles e nunca mais os vimos, mas desses nem falo”, revela.
Horácio Caetano não tem dúvidas que a cidade de Santarém está bem posicionada no que diz respeito à área da restauração. Para o empresário, os novos restaurantes que têm um conceito mais gourmet, são bastante importantes porque dão vida à gastronomia e à própria cidade. “Já Almeirim é só sopa da pedra e grelhados e nada mais. Santarém tem uma diversidade muito maior em termos de gastronomia”, confessa.