Apanha do tomate na região escapou por pouco à greve dos motoristas
Empresas tiveram de fazer gestão criteriosa do combustível. Profissionais dizem que mais dias de greve teriam consequências gravíssimas para a cultura do tomate e mostram alivío por ver a luta dos motoristas de matérias perigosas desconvocada.
A greve dos motoristas de mercadorias perigosas gerou constrangimentos no fornecimento de combustíveis ao sector da agricultura nas últimas duas semanas mas os produtores de tomate e arroz na região conseguiram escapar aos problemas. Avisam, no entanto, que mais “dois ou três dias de greve” teriam tido consequências “gravíssimas” no sector, especialmente na apanha do tomate.
“Se a greve continuasse iríamos estar aflitos. Durante a greve apenas uma situação foi mais complicada para nós: uma fábrica teve de parar num fim-de-semana para permitir o abastecimento aos transportes de tomate. Foi a situação que mais nos assustou mas no geral conseguimos aguentar”, conta a O MIRANTE Mário Januário, técnico responsável pela secção de tomate da Benagro – Cooperativa Agrícola de Benavente.
A associação gere as colheitas de seis fábricas de grande dimensão no Ribatejo e o responsável lembra que algumas dessas unidades, as que funcionam a gás natural, tiveram mais facilidade em resistir à falta de abastecimento de combustíveis. “Não podemos congelar tomate, é um produto que se estraga depressa e não pode ficar parado, por isso estivemos sempre muito atentos. Correu tudo bem mas também poderia ter sido muito grave”, confessa.
No que toca ao arroz não houve preocupações já que a época da colheita ainda está por chegar. Joaquim Madaleno, da Associação de Beneficiários da Lezíria Grande de Vila Franca de Xira, diz que o maior receio foi com o abastecimento de combustível para as motobombas de rega. “Ninguém parou estes dias e felizmente correu tudo bem. No arroz não houve complicações e as maiores preocupações foram na apanha do tomate. Mais uns dias de greve e aí sim começávamos a ter problemas”, conta.
A associação teve um posto de abastecimento prioritário à sua disposição durante a greve mas isso exigiu uma gestão criteriosa dos abastecimentos ali realizados pelos agricultores. Também ali, com mais um ou dois dias de greve, o combustível iria faltar nos tanques.
O presidente da Associação dos Industriais do Tomate chegou a estimar prejuízos diários de quatro milhões de euros com a greve dos motoristas, cenário que não se veio a verificar. No sector trabalham, sobretudo no Ribatejo, mais de quatro mil pessoas.