Combatentes de Vila Franca de Xira vão receber medalha de honra
Presidente do município critica esquecimento dos sucessivos governos. Vila Franca de Xira vai atribuir a medalha de honra do município ao seu núcleo da Liga dos Combatentes. Presidente do município emocionou-se e considerou indigna a forma como os sucessivos governos se têm esquecido de quem lutou e perdeu a vida pelo país.
É indigno o Estado e os sucessivos governos pós-25 de Abril terem-se esquecido de apoiar os antigos combatentes do Ultramar, lamentou na última semana o presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita (PS), ele próprio um ex-combatente da guerra do Ultramar. Mesquita falava do assunto a propósito da aprovação, por unanimidade, da sua proposta de atribuir ao núcleo vilafranquense da Liga dos Combatentes a medalha de honra do município.
O autarca sublinha que “todos os governos desde o 25 de Abril não trataram os combatentes com a dignidade que mereciam”. Mesquita considera que a juventude da altura foi para uma guerra sem sentido e realça que agora não se pode esperar que “morra toda esta gente para arrumar este momento da história para debaixo do tapete. Isso não é digno”, criticou.
Visivelmente emocionado, e pedindo desculpa pelo que chamou de “lamechice”, Mesquita confessou que as feridas da guerra ainda não sararam, mesmo após passados mais de 45 anos. “Ainda me emociono porque a guerra é uma estupidez. Apesar de já ter ido aos sítios onde estive, e isso acalmou-me um pouco, pensava que já estava vacinado para este assunto mas não estou. Ainda não passou. Podíamos ter evitado aquela guerra”, lamentou.
A medalha de honra do município é atribuída a individualidades ou entidades colectivas, públicas ou privadas, que se tenham destacado por serviços distintos prestados ao município. O núcleo de Vila Franca de Xira da Liga dos Combatentes celebra a 4 de Setembro os seus 90 anos de fundação. Tem hoje mais de três centenas de associados e, além da preservação da memória das batalhas em que os combatentes vilafranquenses estiveram envolvidos, dá também apoio social e psicológico aos ex-combatentes.
“O núcleo tem tido um papel preponderante em termos sociais. A guerra é uma estupidez mas é um facto que ela existe. É exigível que este núcleo exista para colocar sempre em primeira linha as necessidades sociais que muitos combatentes ainda hoje sofrem. Em termos financeiros e principalmente na área da saúde esses militares não têm tido o acompanhamento que deviam ter do Estado”, critica.