Alguns moradores da localidade de Vale da Laje, concelho de Tomar, junto à barragem de Castelo de Bode, estão preocupados com uma construção que está a ser feita a menos de 50 metros de uma Anta (antigo cemitério dos primeiros povoados humanos). Isabel Sousa, moradora no local, diz que apresentaram queixa na Guarda Nacional Republicana (GNR) para salvaguarda do património. A presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas (PS), explicou a O MIRANTE que a obra que está a decorrer está licenciada e que a Anta não está classificada.
“Durante a construção da obra utilizaram uma máquina de grandes dimensões para partir rocha e a vibração das máquinas poderia implicar danos na estrutura da Anta. Foi aí que decidimos alertar para a situação”, explicou a moradora, acrescentando que a lei diz que as obras devem ser feitas a pelo menos 50 metros.
Anabela Freitas explicou a O MIRANTE
que o licenciamento da obra teve o parecer positivo da DGPC (Direcção Geral do Património Cultural). “Não tínhamos base legal para indeferir o licenciamento da obra”, referiu. A autarca critica o facto do património nunca ter sido classificado e diz que a autarquia está a desenvolver esforços para proceder à classificação daquele património municipal que tem mais de 7.500 anos.
Os moradores queixam-se que durante muitos anos nunca conseguiram construir nada que estivesse perto da Anta porque a câmara municipal não autorizava. “Diziam-nos sempre que não poderíamos construir a menos de 50 metros da Anta mas agora pelos vistos já se pode. Não temos nada contra o dono da obra, simplesmente queremos salvaguardar um património com milhares de anos”, sublinha Isabel Sousa.
Na década de 80 do século passado foram encontrados junto à Anta setas, flechas, loiça, utensílios de trabalho e vestígio de olaria, que estão preservados no Instituto Politécnico de Tomar.