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A Internet é um mar imenso e não há limite de idade para navegar
Maria Clotilde Gaspar, Clotilde Raposo, Gabriela Serrão e Carlos Batista não têm problemas em lidar com a internet

A Internet é um mar imenso e não há limite de idade para navegar

Pesquisam, compram, socializam e até pagam as contas. A Internet deixou de ser um mundo desconhecido para os mais velhos e a curiosidade é cada vez maior. Pessoas com mais de 65 anos falaram a O MIRANTE da sua relação com a rede durante o Encontro de Idosos, Reformados e Pensionistas do município de Benavente.

Aprender as utilidades da Internet pode ser mais difícil para as pessoas mais velhas, mas são cada vez mais as que estão dispostas a ultrapassar as dificuldades e provar que velhos são os trapos. Nos motores de busca pesquisam um pouco de tudo, desde receitas de culinária, locais para visitar ou notícias. É o caso de Maria Clotilde Gaspar. Aos 87 anos sai cada vez menos de casa, em Benavente, desde que uma rotura no tendão de Aquiles lhe limitou a mobilidade. Mas quando sai o telemóvel vai sempre com ela. É através dele que acede à Internet e, por sua vez, à aplicação do Multibanco para pagar as contas.
“Ensinaram-me uma vez no banco e foi o suficiente. É uma maravilha”, diz a
O MIRANTE, enquanto acede à sua página de Facebook. Foi a neta mais nova, de um total de oito, quem lhe criou a conta há nove anos. Tem mais de uma centena de amigos naquela rede social mas não aceita qualquer um. “Só quem conheço. Não quero que andem a vasculhar a minha vida”, justifica.
Para Gabriela Serrão, de 75 anos, a Internet é uma ferramenta que tem utilidade “comparável à de um fogão”. É vantajosa mas também se vivia sem ela. Natural de Benavente, é vizinha de Clotilde. Na quinta-feira, 28 de Agosto, sentaram-se à mesma mesa durante o Encontro de Idosos, Reformados e Pensionistas do município de Benavente que reuniu mais de mil pessoas na Zona Desportiva e de Lazer dos Camarinhais.
Ambas concordam que a Internet é uma montra do mundo, onde podem pesquisar e obter uma resposta em segundos. “Gosto de pesquisar locais para visitar e reservar viagens. É muito mais rápido do que ir a uma agência”, diz Gabriela, que passou a viajar mais desde que se reformou. Também pesquisa novas receitas de culinária e antes de fazer um exame médico confessa que vai espreitar os procedimentos, para se “preparar psicologicamente”.
Leitoras assíduas de O MIRANTE, já não dispensam a edição online para acompanhar as notícias da região apesar de, no caso de Maria Clotilde, continuar a receber o semanário na caixa do correio.
Sentada num banco enquanto espera pelas sardinhas assadas, o telemóvel ocupa-lhe as duas mãos e a concentração. Clotilde Raposo está à procura de uma fotografia que a amiga acabou de tirar e partilhar no Facebook. “Aqui está ela. Ainda agora a tiramos e já está na Internet”, mostra com entusiasmo. É de Benavente, tem 69 anos e usa o Facebook há quatro, essencialmente para socializar com a família e os amigos. Faz videochamadas, partilha e gosta de ver fotografias da família. “Fico mais perto deles”, diz e lança a pergunta: “Tirei a carta aos 55 anos e não ia ser capaz de aprender a fazer estas coisas? Posso demorar mais mas aprendo”.

Aulas de informática muito concorridas
Ana Berardo concorda: “Não há limite de idade para a aprendizagem”. A professora de pintura na Universidade Sénior de Benavente, actualmente frequentada por mais de 300 alunos, distribuídos pelos pólos de Samora Correia, Santo Estêvão e Benavente, revela que as aulas de informática são as mais participadas. “Mais do que aprender a trabalhar com o Word e outros programas, têm curiosidade sobre a Internet”. Nas suas aulas, por exemplo, pesquisam novos desenhos e técnicas de pintura.
Para além de ser um desafio, a Internet é também um veículo que ajuda a socializar e a combater a solidão, porque “veio facilitar a comunicação com amigos e familiares que vivem à distância”, refere a professora.
No caso de Carlos Batista, de 65 anos, a Internet é a companheira de sofá. “Leio notícias, assisto a vídeos no Youtube e ouço música, preferencialmente orquestras de música ligeira. É a minha distração quando estou em casa”, conta, explicando que aprendeu a utilizar essa ferramenta digital na Universidade Sénior.
Os quatro confessam que se renderam às novas tecnologias mas continuam a preferir o contacto presencial. “Vamos preferir sempre as pessoas cara-a-cara”, vinca Maria Clotilde Gaspar. E Carlos Batista sustenta, dizendo que um convívio como aquele, onde se reencontram amigos à volta da mesa, vai ser sempre melhor programa do que ficar no sofá ligado à Internet.

A Internet é um mar imenso e não há limite de idade para navegar

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