Entidade de Turismo quer ter voz em decisões estruturantes na região
O presidente do Turismo do Alentejo e Ribatejo defende a atribuição de mais competências e que essa entidade seja chamada a pronunciar-se em projectos estruturantes para o território. Numa sessão em Santarém ouviram-se ainda críticas de autarcas ao Turismo de Portugal.
A Entidade de Turismo do Alentejo/Ribatejo (ERTAR) quer ter mais competências e ser chamada a pronunciar-se em decisões que considera serem estruturantes para o território, nomeadamente na área das acessibilidades e das infra-estruturas. O presidente da ERTAR, Ceia da Silva, refere que sem saber o que se vai passar nos territórios onde actuam é impossível colocar em marcha projectos de turismo e, mais ainda, fazer a gestão dos mesmos. E dá como exemplo os projectos que estão a ser executados no Parque Natural da Serra D´Aire e Candeeiros ou o projecto para a Barragem do Alqueva, no Alentejo.
“Não somos chamados a pronunciar-nos sobre projectos ou reorganizações no território e isso dificulta muito o nosso trabalho”, sublinhou o responsável durante a última sessão de um ciclo de debates com parceiros, promovido pela Entidade de Turismo do Alentejo/Ribatejo, que terminou em Santarém no dia 20 de Setembro. Houve ainda sessões em Alcácer do Sal, Beja, Évora e Portalegre.
Este ciclo de sessões, que em Santarém reuniu autarcas da Lezíria do Tejo e alguns parceiros, teve como objectivo apresentar a metodologia de trabalho que está a ser desenvolvida pela consultora Ernst & Young, encarregue de elaborar um plano de oportunidades da região da Lezíria do Tejo, que vai servir de suporte para as candidaturas dos projectos ao próximo ciclo de fundos europeus 2021/2027.
A criação de uma identidade e pontos de alojamento foram as duas tónicas apontadas como estruturais para potenciar o turismo na região. Em Janeiro será apresentada uma primeira fase do plano estratégico, que será discutida pelos parceiros, e em Maio será apresentada a versão final. A internacionalização é onde está a mira do Turismo do Alentejo/Ribatejo. “É o mercado interno que continua a fazer mexer a região da Lezíria do Tejo. Temos que conseguir captar o mercado externo e esse é o nosso foco para o futuro”, referiu Ceia da Silva.
Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, esteve presente na sessão e reiterou as palavras de Ceia da Silva: “É preciso fazer mais”. Ainda assim apontou a existência de projectos do sector privado que estão para arrancar, embora não revelando quais.
Autarcas criticam Turismo de Portugal
Durante a sessão a vereadora da Câmara de Coruche, Célia Ramalho (PS), não gostou de ser apontada à região da Lezíria do Tejo a necessidade de criar uma identidade. “Continua a fazer-me muita confusão quando se fala em identidade, porque nós temos uma identidade muito própria. E continua a parecer-me muito mal estarmos acoplados ao Alentejo”, sublinhou a vereadora socialista, que também não se mostrou muito entusiasmada com a ideia de a região necessitar de produtos novos. “O que precisamos é de ter visão para trabalhar o que temos e saber tirar partido disso”, apontou.
Paulo Queimado, presidente da Câmara da Chamusca, reiterou as palavras de Célia Ramalho, mostrando também um certo incómodo. “A nossa população não se identifica com o Alentejo”, referiu o autarca. Paulo Queimado aproveitou para lançar algumas críticas ao Turismo de Portugal, uma vez que vários projectos que tinha candidatado a fundos comunitários não viram luz verde. “Os nossos projectos chegam ao Turismo de Portugal e batem na trave. Ou têm que ser reestruturados ou não são mesmo aprovados”, queixou-se o autarca, referindo-se aos projectos que tinha para o Arripiado, tal como O MIRANTE noticiou na semana passada.