Preço da água em Rio Maior não sobe mas a polémica continua
Município decidiu manter o tarifário depois da subida acentuada registada nos últimos anos e que foi apelidada de “desumana” pela oposição PS. Presidente da câmara reconhece que rede de água está num estado calamitoso mas aponta culpas aos anteriores executivos socialistas.
O tarifário de água, de saneamento de águas residuais e de gestão de resíduos urbanos, em Rio Maior, não vai sofrer alterações em 2020, segundo decidiu o executivo camarário na sua última reunião. A decisão foi aprovada pela maioria PSD/CDS, tendo os dois vereadores do PS votado contra.
A bancada socialista fez uma declaração de voto extremamente crítica, referindo que o actual tarifário representa a manutenção dos valores resultantes do “aumento brutal” registado há cerca de quatro anos. O vereador Daniel Pinto disse mesmo que a gestão do sistema de abastecimento público de água continua a ser feito de forma “calamitosa” e “desumana”, criticando o excessivo volume de perdas de água.
O presidente da câmara, Filipe Santana Dias (PSD), respondeu de pronto reconhecendo que é “efectivamente calamitoso” o estado da rede de água no concelho de Rio Maior, mas sublinhou que “mais calamitoso” foi a anterior gestão socialista, na década transacta, ter assinado com a então Águas do Oeste um “contrato ruinoso” para concessão do abastecimento de água em alta (das captações até aos depósitos), sem se acautelar o deficiente estado da rede em baixa, responsável pelo grande volume de perdas.
Mais de metade da água perde-se pelo caminho
Grande parte da água que sai dos depósitos acaba por se perder antes de chegar às torneiras dos consumidores. Segundo dados de 2018 da Entidade Reguladora dos Serviço de Águas e Resíduos (ERSAR), em Rio Maior 54,1% da água tratada não foi facturada. Ou seja, o município teve de pagar a água à entidade fornecedora (actualmente a Águas do Atlântico S.A.) mas mais de metade desse volume não chega aos contadores devido às fugas na rede em baixa.
“Se o PS tivesse vergonha não falaria disso nesta casa”, disse Santana Dias, considerando que o contrato de concessão da água em alta foi um atentado à boa gestão dos dinheiros públicos em Rio Maior. Acrescentou que a autarquia apresentou uma candidatura a financiamento para uma intervenção profunda nessa área que acabou por não ser aprovada, embora tenham vindo a ser feitos investimentos continuados na rede. “Mas é imprescindível uma grande intervenção, que o município não tem capacidade para executar”, concluiu o presidente da câmara.
O tarifário da água, em 2020, para utilizadores domésticos contempla os seguintes preços: 1º escalão (consumos até 5 metros cúbicos) – 0,6225 euros por metro cúbico (m3); 2º escalão (de 5 a 15m3) – 1,1135 euros/m3; 3º escalão (de 15 a 25m3) – 1,7275 euros/m3; 4º escalão (superior a 25m3) – 3,2659 euros/m3.