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Um candidato com tomates em tempos de dieta pelo planeta

Retemperado Manuel Serra d’Aire
A discussão do momento é sobre o consumo de carne de vaca (ou não) depois da Universidade de Coimbra ter decidido erradicar pratos à base desse ruminante das cantinas universitárias. Estava longe de imaginar que nas nossas escolas se comia carne de vaca, dado o preço a que a mesma se encontra e à penúria que atravessa o ensino superior público. Aliás, muitos portugueses, provavelmente, já não espetam os dentes numa boa costeleta de novilho ou num bife da vazia há séculos. E, pelos vistos, alguns dos estudantes de Coimbra já só a comiam (à carne de vaca, obviamente) na universidade.
O contributo da dita universidade para salvar o planeta foi tão mediatizado que até a Misericórdia de Azinhaga veio brincar com a situação, dizendo que também tinha erradicado o marisco das suas ementas em nome da biodiversidade. O humor é uma arma para caça grossa e uma fonte inesgotável de inspiração. A propósito: que tem feito o PAN para defender os direitos de sapateiras, lagostas, gambas, camarões e caranguejos, santolas, navalheiras e afins? Zero! Porque esses discriminados animais não são perfilhados por ninguém – com excepção dos donos das marisqueiras e cervejarias -, logo não rendem votos, só mesmo arrotos, quando acompanhados com muita cerveja ou vinho verde…
Por falar em PAN, estamos em plena campanha eleitoral e é incontornável escrever sobre isso. Ou melhor, sobre os panfletos que me chegaram à caixa do correio e que até agora só vieram de dois partidos, o PSD e o seu sucedâneo Aliança (o que comprova que já nem os político me ligam). Começo por dizer que o panfleto do Aliança me impressionou mais pois o cabeça de lista apresenta-se de forma descomplexada como agricultor, caçador e aficionado pela tauromaquia. A um candidato que nestes tempos de politicamente correcto assume essas características só falta mesmo dizer que é um candidato com eles no sítio. Mas, lá está, até o politicamente incorrecto tem limites…
Além disso, não podia ficar insensível a uma lista, como a do Aliança, que tem entre os candidatos uma personal trainer. Aliás, acho que todas as listas deviam ser obrigadas a ter uma ou um personal trainer que nos fizesse sair do imobilismo. Devia ser uma imposição, tipo quotas de género. Se não forem os personal trainers a mobilizar este povo madraço para ir às urnas, quem é que vai conseguir. Um engenheiro civil? Um fiscal das Finanças? Um agente de seguros? Um caixa de supermercado?
Já na lista do PSD por Santarém não faltam gestores, directores e consultores, porque o respeitinho é muito lindo e o estatuto social também. Ali não há nenhum candidato personal trainer mas há um consultor em assuntos europeus, que pode ser também bastante útil quando um tipo quer dar uma escapadinha por essa Europa. Eu, por exemplo, nunca sei o que hei-de levar vestido. Nem sei antecipadamente onde são os melhores clubes nocturnos de Ibiza, onde se comem os melhores mexilhões em Bruxelas ou onde se bebe a melhor pint em Londres. Agora é só descobrir onde é o consultório do consultor para ver se marco consulta.

Aceita uma posta mirandesa do
Serafim das Neves

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