A entrevista do ex-dirigente sindical José Ernesto Cartaxo
A propósito destes novos tempos gerados pelo 25 de Abril e que dizem ser de liberdade recordei-me do que diz um dos personagens do livro “A máquina de fazer espanhóis”, do escritor Valter Hugo Mãe.
“...hoje é possível reviver o fascismo, quer saber, é possível na perfeição, basta ser-se trabalhador dependente, é o suficiente para perceber o que é comer e calar, e por vezes nem comer, só calar, vá espiar esses patrões por aí fora. Conte pelos dedos os que têm no peito um coração a florescer de amor pelo proletariado, que porra de conversa (...).”
Não tenho saudades do salazarismo nem do Portugal atrasado e miserável, nem da repressão política, mas não sou ingénuo e não me sinto livre nestes novos tempos em que a repressão é exercida de outros modos, em que a palavra proibido é cada vez mais utilizada, em que cada vez mais o Estado se mete na nossa vida para nos controlar e onde dizer a verdade continua a ser... muito perigoso.
Fernando de Carvalho