Município toma posse administrativa da Tipografia Nabão para limpar terreno
Câmara de Tomar notificou massa insolvente da antiga empresa mas não obteve resposta. Instalações estão ao abandono há dez anos e referenciadas como zona de prostituição e tráfico de droga.
A Câmara de Tomar vai tomar posse administrativa do terreno onde funcionavam as instalações da Tipografia Nabão para limpar o espaço. A decisão foi aprovada por unanimidade em reunião do executivo municipal. A presidente do município, Anabela Freitas (PS), explicou que notificaram a massa insolvente da Tipografia Nabão para que efectuasse a limpeza mas como esta não respondeu a autarquia avança com posse administrativa do terreno. A autarca explicou a O MIRANTE que o local, que está bastante degradado, está referenciado como zona de prostituição e tráfico de droga. “Vamos limpar o local para que tenha melhor aspecto e para que não seja utilizado para fins menos apropriados”, disse.
Em Agosto de 2009 um incêndio destruiu o pavilhão industrial da Tipografia Nabão, em Tomar, onde se concentrava toda a produção e armazenagem da empresa. O fogo ocorreu dois dias depois de ter sido entregue no Tribunal de Tomar o pedido de insolvência da empresa, fundada em 1947, e que chegou a empregar cerca de oito dezenas de pessoas. Os 16 trabalhadores que sobreviveram às várias crises da empresa perderam, com o incêndio, a pouca esperança que tinham de ajudar a salvar a empresa. Tinham três meses de salários em atraso e subsídio de férias por receber. A maioria dos trabalhadores tinha mais de 20 anos de serviço.
A Tipografia Nabão foi uma referência nacional e chegou a ter um leque de clientes notável. O fogo foi investigado pela Polícia Judiciária. Na altura do incêndio, trabalhadores e populares estranharam que o incêndio tenha deflagrado quando já não existiam máquinas a laborar nem movimentações no interior. O fogo deflagrou pelas 05h50 e rapidamente se propagou a todo o edifício, situado nas imediações da estação de caminho-de-ferro e das instalações da Rodoviária Nacional. Os moradores dos prédios em redor acordaram em sobressalto com violentos rebentamentos. As explosões foram provocadas por substâncias altamente inflamáveis que estavam armazenadas no pavilhão.
A fábrica guardava tintas, diluentes, papel e outros produtos “muito inflamáveis” que criaram uma elevada carga térmica e dificultaram a acção dos bombeiros. O pavilhão que ardeu era arrendado e as máquinas que ficaram destruídas pelas chamas estavam avaliadas em dezenas de milhares de euros.