Padre José da Graça continua a dar missa em Abrantes e recorre da sentença
O pároco não aceitou a ordem do bispo para sair da cidade e recorreu para as altas instâncias eclesiásticas. José da Graça também recorreu da decisão do Tribunal de Santarém, que o condenou por obtenção fraudulenta de subsídios. O cónego tem o apoio de um movimento criado para o defender. Recurso suspende tomada de posição da Diocese de Castelo Branco-Portalegre.
O pároco de Abrantes e dirigente do centro interparoquial continua a exercer funções, depois de ter sido dispensado pelo bispo de Castelo Branco-Portalegre por ter sido condenado em tribunal por burla e falsificação. O cónego José da Graça recorreu da decisão do bispo, que o mandou afastar-se de Abrantes, onde está há 34 anos, e apresentar-se em Portalegre para receber novas tarefas. O recurso suspende a ordem de D. Antonino Dias, que vai agora ser analisada pelo Núncio Apostólico de Lisboa e pelo perfeito da Congregação do Clero no Vaticano.
José da Graça, de 76 anos, teria de se apresentar em Portalegre no dia 15 de Setembro. O empresário Domingos Chambel, do Movimento Social de Apoio e Reconhecimento (MOSAR) ao Cónego José da Graça, disse a O MIRANTE que a comunidade está satisfeita com o facto de o cónego ter optado por recorrer da decisão do Bispo da Diocese de Castelo Branco-Portalegre. O movimento considera injusta e desapropriada a retirada da cidade do cónego, que é responsável pelas paróquias de S. João e S. Vicente, bem como pelo Centro Social Interparoquial de Abrantes, que continua a dirigir apesar de ter sido acusado e condenado por burla na obtenção de subsídios para o Projecto Homem, de recuperação de toxicodependentes.
Em 21 de Agosto o padre disse a
O MIRANTE estar desiludido com a decisão do bispo e considerava uma injustiça ter sido retirado das paróquias. Na mesma altura, o bispo D. Antonino Dias publicou no site da Diocese de Castelo Branco-Portalegre um comunicado onde reiterava a dispensa do pároco e confirmava que os motivos dessa dispensa estavam relacionados com as acusações em tribunal que sobre ele pendiam.
Cónego recorre de condenação para o Tribunal da Relação
José da Graça também recorreu para o Tribunal da Relação do acórdão do Tribunal de Santarém, que o condenou a cinco anos de prisão, com pena suspensa por igual período. O advogado do pároco, Tiago Cardoso, disse que o recurso tem por base o facto de a decisão da primeira instância ser “profundamente errada e injusta”. O advogado mostra-se confiante que no Tribunal da Relação o processo seja tratado com outra serenidade. Em causa no processo estava a inscrição fraudulenta de utentes na comunidade terapêutica de toxicodependentes e nos apartamentos de reinserção para que o centro interparoquial recebesse sempre os apoios máximos do Estado.
O colectivo que julgou o caso considerou provados todos os factos de que José da Graça era acusado. Além do cónego, foi também condenado a dois anos e dez meses de prisão, com pena suspensa, o ex-coordenador do Projecto Homem, Pedro Moreira, que tinha denunciado a situação, cinco meses após se ter despedido da instituição. Moreira é terapeuta e foi autarca na Junta de Alferrarede.