Politécnico de Santarém aperta controlo sobre o trabalho docente
Sistema de leitura de cartões vai registar as horas de acompanhamento e atendimento aos alunos prestadas pelos professores fora das aulas. Medida já motivou contestação e é considerada “inapropriada e disfuncional”.
O presidente do Politécnico de Santarém, José Mira Potes, apertou o controlo sobre os professores das várias escolas superiores da instituição ao implementar um sistema de leitura de cartões para registar as horas de acompanhamento/atendimento aos alunos prestadas pelos docentes fora das aulas (cada docente deve dedicar quatro horas por semana para esse fim). A medida não é consensual e um dos contestatários é o director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém (ESGTS), Vítor Costa, que a considera “inapropriada e disfuncional”.
Em comunicação enviada ao corpo docente da Escola de Gestão, a que O MIRANTE
teve acesso, Vítor Costa manifesta-se contra a instalação de terminais de leitura de cartões para controlar o atendimento aos alunos e sublinha que na sua escola o atendimento aos alunos já constava do horário dos docentes e era gerido de modo flexível. Muitos professores utilizam, inclusivamente, a plataforma online Moodle para apoio e acompanhamento dos alunos
“Assim, não posso deixar de manifestar a minha surpresa e total discordância com esta medida, pois, em minha opinião, o que nos deve preocupar é se as horas de contacto são efectivamente cumpridas, tal como consta dos planos de estudos e a A3ES (Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior) exige”, escreve Vítor Costa, dizendo ainda esperar que “o bom senso acabe por prevalecer”.
Foi na sexta-feira, 13 de Setembro, que um dos vice-presidentes do Politécnico de Santarém, Nuno Bordalo Pacheco, escreveu aos directores das escolas superiores Agrária, de Saúde, de Educação, de Tecnologia e Gestão e de Desporto a dar conta da novidade, referindo que o despacho do presidente estipula que as horas de acompanhamento dos alunos pelos docentes devem ser registadas. E informou que, por forma a facilitar o processamento desses dados pelas escolas, foi desenvolvido um sistema a instalar nas várias escolas, que foram incumbidas de indicar os locais para colocar os dispositivos de leitura de cartões.