Uma escola em Alcanena que quer continuar a ser exemplo para a Europa
O primeiro dia de aulas do ano lectivo 2019/2020 vai ficar marcado para sempre no Agrupamento de Escolas de Alcanena. Foi o dia em que recebeu a distinção da Melhor Escola da Europa a ensinar ciências de acordo com o projecto Stem Label School, que avalia mais de mil estabelecimentos de ensino. O MIRANTE foi conversar com Ana Cláudia Cohen, directora do agrupamento, e com José Fradique, principal impulsionador desse projecto.
Na manhã seguinte a terem recebido a notícia de que o Agrupamento de Escolas de Alcanena tinha sido considerado o melhor da Europa a ensinar ciências, os alunos do curso de ciências e tecnologias festejavam no pátio envergando orgulhosamente as suas batas de cientistas. Não eram os únicos. Toda a escola estava satisfeita e isso notava-se nas conversas que se iam ouvindo nos corredores.
A distinção foi atribuída pelo projecto Stem Label School, financiado pela União Europeia, que procura motivar os alunos para as áreas de estudo mais científicas. José Fradique, professor de Biologia e Geologia, diz que esta distinção acontece porque existe um trabalho continuo e que é desenvolvido há 10 anos. “Isto é um trabalho de todos os dias. Não é de agora. A nossa escola prioriza o desenvolvimento de projectos que procuram resolver problemas a nível local e que tentam fazer com que todas as disciplinas trabalhem em conjunto”, afirma, admitindo que esta forma de trabalhar lhes garantiu a visibilidade para que o agrupamento fosse convidado a participar neste projecto piloto.
“O projecto começou a ser realizado em 2017 embora só este ano se tenha começado a avaliar as escolas que têm boas práticas no âmbito das STEM. Neste momento estão a ser avaliadas mais de 1000 escolas. Nós somos a única no país a ter o selo de ‘Proficient’, conta o professor.
Os factores determinantes para a competência do Agrupamento de Escolas de Alcanena na área das ciências está na forma como é liderada e na inspiração que os professores procuram transmitir uns aos outros. “Temos um plano de articulação vertical que vai desde o pré-escolar até ao secundário onde vemos quais são os perfis de desempenho que os alunos têm. Quando chegam ao 12º ano já têm um conjunto de competências desenvolvidas”, refere José Fradique, concluindo que o principal objectivo do ensino em Alcanena é desenvolver uma cidadania activa, consciente e responsável.
Ana Cláudia Cohen, directora do Agrupamento de Alcanena, não conseguia esconder o seu orgulho e satisfação. “Sou directora deste agrupamento há cinco anos. Posso dizer que, hoje, esta escola não é a mesma e esta distinção é o reconhecimento de todo o trabalho de professores, funcionários e alunos”. Para a responsável, a Escola de Alcanena é um caso de estudo porque a população na vila diminui todos os anos mas a escola aumenta o número de alunos. “Até ao ano passado tínhamos apenas uma turma por cada ano do secundário. Actualmente temos duas turmas em cada um dos dois primeiros anos”, conclui.
Uma das bases deste sucesso está no acompanhamento que se faz aos alunos. E isso continua também quando abandonam a escola. “Depois de saírem desta escola temos a preocupação de continuar a acompanhá-los. Sabemos para onde vão e sabemos que vão para áreas que têm a ver com o seu plano de acção”, conta Ana Cláudia Cohen.
Trabalho em prol do ambiente
Nenhum projecto tem sucesso se não tiver boas parcerias. “Em termos locais temos parcerias com as indústrias do couro onde inclusive tentamos resolver alguns problemas ambientais”, conta José Fradique, enquanto aponta para a cor alaranjada que os estores das janelas têm por causa da poluição atmosférica das fábricas dos curtumes. “Já que não conseguimos resolver os problemas por completo tentamos reduzir ao máximo os impactos negativos que resultam deles”, refere.
Para um futuro que querem que seja próximo, José Fradique e Ana Cláudia Cohen pretendem alcançar o nível seguinte: Expert. “Temos um orgulho enorme em pertencer a esta rede de escolas STEM. Esta referência faz-nos querer ir mais além. É um desafio. Temos agora é que partilhar as nossas boas práticas e fundamentalmente continuarmos a ser um exemplo para a nossa comunidade e para a Europa”, concluem.