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Para vencer não basta ter sorte, é preciso trabalhar
Depois do trabalho, em Lisboa, Vanessa treina praticamente todos os dias nas piscinas municipais de Samora Correia

Para vencer não basta ter sorte, é preciso trabalhar

Fechou a época passada com três títulos nacionais nos nacionais de natação, no estilo mariposa, escalão masters A. Vanessa Salvador, soma 22 anos de natação e dezenas de campeonatos. A O MIRANTE fala das conquistas e da fase em que desistiu do sonho devido ao desgaste psicológico de quem nada para melhorar centésimos de segundo.

Vanessa Salvador põe os óculos, enfia a touca e mergulha de cabeça para a piscina. É nesse momento que deixa de ser a jovem tímida que demonstra desconforto ao ser fotografada à beira da piscina. Aos 27 anos, a experiente nadadora mostra-se concentrada e confiante a nadar o seu estilo de eleição, a mariposa.
A prática começou ali, nas piscinas municipais de Samora Correia, cidade onde nasceu e cresceu. Tinha cinco anos, era gordinha e pré-diabética, quando por indicação médica se estreou na modalidade. Não tinha de ser necessariamente natação, mas uma anterior passagem pelas danças não a tinha convencido. Iniciou as aulas na Sociedade Filarmónica da União Samorense (SFUS), que representa até hoje. A agora campeã nacional de 100 e 200 metros mariposa, no escalão etário masters A, lembra que nas primeiras braçadas não se sentiu como peixe na água. Pelo contrário: “Tinha tanto medo da profundidade que ficava com dores de barriga e cheia de febre”.
As bases tácticas para os treinos são dadas pelo treinador José Suga mas Vanessa nada sozinha, já que é a única atleta na equipa de masters A (escalão dos 25 aos 29 anos) da SFUS. Mesmo sem parceiros de equipa tem motivação que baste para sair do trabalho, em Lisboa, e lançar-se à água todas as terças, quartas e quintas-feiras e aos fins-de-semana. Às vezes custa. O cansaço acumula-se e “há dias em que tudo parece ser um entrave”. Até o estado do tempo chega a servir de desculpa. Mas no final de cada treino garante que sai mais motivada.
À família e amigos intriga-os este fascínio pela natação. Perguntam-lhe o que anda a fazer às voltas dentro de uma piscina. A nadadora ri-se. “Costumo dizer que ando a contar azulejos. Mas não, na verdade não páro de pensar enquanto estou dentro de água”. Em que pensa? “No que correu mal no trabalho, nas provas e até canto, mentalmente claro”, diz.

Ansiedade antes das provas é brutal
As mais de 250 medalhas que tem expostas em casa são motivo de orgulho para Vanessa. Mas mentia se dissesse que quem nada por gosto não cansa. “Houve uma altura em que desisti. Arrumei todas as medalhas e troféus e disse que nunca mais voltava a nadar”, conta. Estava psicologicamente cansada, devido à ansiedade brutal que sentia antes das provas. “Qualquer atleta que entre em competição quer ganhar”, diz. É para isso que treinam com afinco e, com mais ou menos rivalidade, todos querem o mesmo. E essa pressão desgasta. Principalmente para quem luta por centésimos de segundo.
Depois do interregno, Vanessa resolveu virar a página. Voltou aos treinos e na época de 2017/2018 regressou às provas, tendo-se sagrado vice-campeã nacional nos 100 e campeã nos 200 metros mariposa em masters A. Nos nacionais de Inverno da época passada voltou a conquistar o primeiro lugar nos 200 mariposa e, nos de Verão, o terceiro lugar nos 50 mariposa e dois primeiros lugares nos 100 e 200 metros do mesmo estilo.
Inspira-se acima de tudo nas suas conquistas e objectivos pessoais, mas se lhe perguntarmos por ídolos desportivos, Vanessa elege Michael Phelps, o maior campeão olímpico e o rei da mariposa. No que respeita ao desporto nacional, é o craque do futebol Cristiano Ronaldo a sua maior inspiração. “É como ele diz, não basta ter uma estrelinha é preciso manter o foco e trabalhar para ter resultados”, refere. É o que Vanessa está a fazer. A travar batalhas diárias dentro de água, cronometradas ao centésimo de segundo, com o objectivo de bater os seus recordes pessoais e a preparar-se para nadar nos nacionais de 2019/2020 que começam em Janeiro, em Vila Franca de Xira..

Para vencer não basta ter sorte, é preciso trabalhar

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