Idiotices, melros, cheiretes e suspensórios
Vivificante Serafim das Neves
O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem decidiu, numa sentença recente, que, estando qualquer um a analisar o trabalho político do vereador do PS na Câmara de Santarém, Rui Barreiro, tem toda a liberdade para dizer que ele é o político mais idiota que conhece.
A decisão daquele tribunal enche-me de júbilo porque, tanto eu como tu, já fomos responder em tribunal por termos mimoseado o tal senhor com alguns elogios do género nesta nossa troca de e-mails e embora não tenhamos sido condenados, ficámos sem saber ao certo se o direito dele a passar por grande estadista, mesmo não o sendo, se sobrepunha ao nosso direito de o desancar pelas asneiras e tropelias que não cessa de produzir.
Para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem podemos desancá-lo de cada vez que ele se portar como um idiota chapado. Para alguns juízes portugueses temos que ter muito respeitinho para não mancharmos a sua honorabilidade, exista ela ou não, sob pena de sermos condenados a pagar uma indemnização à vítima, como aconteceu com o director geral de O MIRANTE que agora vai ser ressarcido do que pagou mas com dinheiro dos nossos impostos porque o tal Rui Barreiro, mesmo sendo idiota, não tem que devolver nada.
Rui Barreiro foi presidente da Câmara de Santarém durante um mandato e perdeu as eleições seguintes, caso raro na política autarca destas bandas. Nós fomos a tribunal porque ele se convenceu que foram os nossos escritos que contribuíram para a sua derrota. Nunca na vida me tinha passado pela cabeça que uma secção como os e-mails do outro mundo pudesse influenciar eleições. E isto num tempo em que não havia influência russa, nem Cambridge Analytica, nem Facebook que se visse. Foi um momento de glória, confesso.
Desde essa altura, Rui Barreiro tem tido uma carreira meteórica. Foi secretário de Estado das Florestas, cargo que usou para reabrir a caça ao melro; é vereador da oposição, o que o livra das asneiras que fazia quando era presidente da câmara; foi candidato a candidato à presidência do Sporting e é um dos mais luzidios comentadores desportivos do nosso universo futebolístico, o que é obra.
Se queres que te diga, nem sei se não devíamos reclamar uma recompensa por lhe termos dado a notoriedade que ele nunca conseguiu, nem quando usava uns vistosos suspensórios.
Em Alhandra cheira a óleo alimentar queimado e nenhum restaurante confessa ter deixado queimar as batatas fritas. As apuradas pituitárias das autoridades autárquicas e ambientais mostram-se incapazes de descobrir o local da fritura, ou lá do que é.
Este não é o primeiro caso de cheiros desagradáveis com origem desconhecida. Em Alcanena é um martírio há anos mas aí não cheira a óleo mas a químicos. Em Arcena, Alverca, a chuva de cinzas e poeiras também já cheira mal, dizem os moradores. No Largo Mem Ramires, em Santarém, cheira a merda porque há quem faça da rua casa-de-banho. Falo-te nisto porque me preocupa que nenhum partido político tenha no seu programa a criação de um ministério, uma secretaria de Estado, uma direcção-geral ou, no mínimo, uma autoridade nacional para a promoção dos bons cheiros. Assim que tomar posse o novo Governo acho que devemos voltar ao assunto.
Saudações aromáticas
Manuel Serra d’Aire