“O exercício da cidadania está péssimo”
Paulo José Rocha - Sócio da sociedade de advogados Rocha, Valente Figueiredo & associados - Vila Franca de Xira
Embora seja jurista de formação e tal facto derive da Lei não estou especialmente atento às questões dos impostos. Na verdade, no nosso escritório, há um colega que é especialista da área fiscal e é sobre ele que recai esse tipo de preocupação. Os impostos e a forma como são fixados são uma questão que, de direito tem pouco, atendendo ao poder discricionário do Estado (e poder local). Enquanto interessado, prefiro manter alguma distância. Quando a entidade que faz as regras se confunde com o jogador e com o árbitro torna-se demasiado desinteressante.
A Feira de Outubro traz sempre um acréscimo de pessoas e isso é benéfico para a economia local, pelo que, sobretudo para o comércio, há um ganho directo e indirecto. Só o facto de aumentar a visibilidade já é uma vantagem. A nível do evento em si, poderia beneficiar com a introdução de uma vertente mais cultural com alguma actividade musical de qualidade e de maior diversidade, bem como alguns apontamentos de teatro.
Conseguir atrair empresas para o concelho passa pelos preços do metro quadrado no imobiliário, pela eficiência do tribunal cuja competência corresponde ao concelho, pelos acessos de comunicação, facilidade de estacionamento e por se mostrar que o concelho está ao lado de Lisboa a preços muito mais competitivos. Alguma diplomacia nesse sentido fazia falta e podia mudar o paradigma.
Em termos de massa crítica dos políticos locais não tenho visto uma oposição eficiente. O exercício da cidadania está péssimo. As pessoas estão inertes e distantes da intervenção cívica. Há alguns grupos mais dinâmicos mas são uma pequena minoria que é insuficiente para abanar as cabeças no sentido de se melhorar a esse nível.
A zona ribeirinha de Vila Franca de Xira é excelente mas ainda pode melhorar se se promover a instalação de actividades lúdicas (cafés, bares e restauração) para tirar o máximo partido daquele zona singular da Grande Lisboa. Os bons exemplos devem ser seguidos e um deles é a baía do Seixal.
Algumas zonas (e edifícios) devem ser ocupadas por novas actividades das quais resulte um efeito “âncora” para reter a população local e atractivo para captar o interesse dos cidadãos de fora. Falo, por exemplo, do antigo quartel da marinha, do antigo hospital, centro comercial e tantos outros.
Vejo o futuro da minha actividade profissional com optimismo. Enquanto houver dois homens na terra os advogados terão sempre razão de existir e a advocacia será provavelmente das últimas actividades a ser substituída pelo avanço tecnológico.