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A propósito do artigo “Novas formas de fumar também matam”

Chamo-me João Ribeiro, tenho 47 anos, fumei durante 15 anos e sou agora um ex-fumador e utilizador de vaporizadores pessoais (vulgo cigarro electrónico), há três anos, para além de ser, desde 13 de Janeiro do ano passado, um profissional da área, tendo uma loja no Entroncamento, a VapeShop, juntamente com um sócio.
Sobre o artigo com o título: “Novas formas de fumar também matam” devo esclarecer que esta não é uma nova forma de fumar (isso é a solução da Phillip Morris Internacional, o já conhecido Iqos de tabaco aquecido). Não existe tabaco ou combustão num vaporizador pessoal. O título é enganador, mas porque diz que mata! Há zero mortes atribuídas ao cigarro electrónico em 12 anos de história. É ainda feita referência aos nove mortos e quatrocentos e cinquenta afectados e internados, erradamente atribuídos aos cigarros electrónicos.
A FDA (Federal Drugs Administration), órgão que tutela as substâncias controladas dos Estados Unidos, e o CDC (Control Disease Center) que se ocupa dos casos epidémicos graves, concluíram há vários dias através de relatórios oficiais que os casos se devem ao consumo de substâncias ilícitas, nomeadamente óleo de canábis adulterado e comercializado no mercado paralelo. Os contaminantes desses produtos vão desde solventes industriais até à presença de acetato de vitamina E.
A pneumonia lipóide de que se fala na peça é atribuída ao acetato de vitamina E presente nos óleos, substância essa que não está presente, de todo, nos líquidos para consumo nos cigarros electrónicos.
Efectivamente a SPP (Sociedade Portuguesa de Pneumologia) lançou um alerta que provocou frenesim social, mas como dito anteriormente, induziu a sociedade em erro ao associar os casos americanos (que só se registaram em alguns estados americanos e em mais nenhuma parte do mundo) ao cigarro electrónico usado como método de cessação tabágica.
Sobre outras informações e afirmações incertas no artigo, convém dizer que as vapeshops não têm qualquer ligação às tabaqueiras, estando do lado oposto; a legislação europeia classifica o vaping como “tabaco”, estando nós, por esse motivo, impedidos de vendas a menores; os vaporizadores destinam-se ao uso por fumadores para substituição e eventual cessação do tabaco de combustão e a ideia de que os sabores são apelativos aos jovens é outra concepção errada, dado os adultos também gostarem de sabores.
É também errado dizer que as lojas de vaping vendem líquidos com óleos e aromas. Não existem óleos na composição dos líquidos. Estes são compostos por glicerina vegetal, propileno glicol e aromas naturais ou artificiais, podendo ou não conter nicotina.
Não existem estudos a longo prazo já que os cigarros electrónicos estão no mercado há 12 anos, mas existem estudos realizados por diversas entidades independentes, como é o caso da prestigiada Royal College of Physicians (a mesma entidade que há 50 anos disse que o tabaco causa cancro e mata). Os serviços nacionais de saúde ingleses e neozelandeses adoptaram o cigarro electrónico como método de cessação tabágica e comparticipam-no para quem o quiser usar.
João Ribeiro

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