Ex-autarca de Óbidos diz que há muito a fazer pelo turismo no Ribatejo
Telmo Faria, ex-presidente da Câmara de Óbidos, considera que importa melhorar a oferta turística e cultural no Ribatejo e defende que a inspiração para se criar produtos turísticos atractivos não se ganha só a fazer viagens de avião. “É preciso trabalhar à secretária, investigar, planear e não ter medo de arriscar”.
Num encontro sobre inovação no turismo promovido pela Nersant – Associação Empresarial da Região de Santarém, no dia 26 de Setembro, que contou com a presença de vários empresários ligados ao sector, esteve em debate o património cultural do Ribatejo e o que se pode e deve fazer para o potenciar em termos turísticos.
O antigo presidente da Câmara de Óbidos e empresário no sector do turismo, Telmo Faria, diz não encontrar razões para que as pessoas prefiram parar em Óbidos e não em Santarém. “As pessoas que param são as pessoas que vão para Lisboa ou Porto. E, aí, Santarém até fica melhor posicionada. Precisa é de ter uma boa oferta turística e cultural”, afirmou na sessão realizada na Startup Santarém.
Numa conversa informal, bem-humorada e aparentemente motivadora para os empresários presentes, Telmo Faria afirmou que há muito trabalho a fazer na região e a cidade de Santarém foi a mais visada. “Não consigo perceber como Santarém só vive da gastronomia oito dias por ano”, disse. E depois deu outro exemplo: “Durante a Feira da Agricultura os restaurantes da cidade têm o mesmo horário e até há dias em que estão fechados, obrigando os visitantes a comer comida de feira”.
Telmo Faria argumentou ainda, apelando à sua experiência política, que faz falta aos autarcas reunirem-se menos com ministros e preocuparem-se mais em serem “potenciadores dos talentos” que têm a trabalhar nas suas autarquias.
Alguns dos empresários presentes na sessão foram interagindo e dando os seus pontos de vista. “Nos dias de hoje é preciso ter noção que os turistas são mais exigentes e que querem descobrir e estar em locais que, para além de apelativos, tenham uma identidade própria”, referiu um deles. Para isso defende que o ingrediente principal é conhecer o perfil do turista.
Foi ainda dito que os concelhos não podem viver das festas, porque essas acontecem apenas uma vez por ano e não são para potenciar o turismo. “As autarquias trabalham o ano todo para as festas e gastam rios de dinheiro a organizá-las. Depois esquecem-se que aos sábados e aos domingos as cidades, vilas e aldeias da região estão vazias”, concluiu outro dos empresários presentes.
O encontro terminou com a apresentação do projecto Melhor Turismo 2020 que pretende ser um projecto de formação e consultoria para empresas ligadas ao turismo para torná-las mais competitivas e qualificadas no mercado. É um projecto que tem custo total elegível de 223.587 euros.