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“Em Abrantes não há bairrismo mas há bom associativismo”
Paulo Neto é presidente do Sport Abrantes e Benfica há oito anos

“Em Abrantes não há bairrismo mas há bom associativismo”

O Sport Abrantes e Benfica é um clube centenário que reactivou recentemente o futebol sénior com excelentes resultados. Com um orçamento de 50 mil euros e a jogar na primeira divisão distrital de Santarém, o clube não ambiciona maiores voos porque falta apoio do tecido empresarial e das gentes da cidade. Quem o diz é Paulo Neto, presidente do clube com quem O MIRANTE conversou.

Paulo Neto, 49 anos, é presidente do Sport Abrantes e Benfica (SAB) há oito anos e gosta do que faz porque está ao serviço da comunidade abrantina. “Estamos aqui em prol dos filhos das gentes de Abrantes”, afirma, explicando que a missão do clube é ajudar a pensar o futuro dos jovens, no desporto e na vida, em idades em que as crianças são facilmente manipuladas pelo individualismo que existe na sociedade. “Queremos que os jovens aprendam o que é fazer parte de um grupo, seja qual for a actividade porque na vida não conseguimos nada sozinhos”, afirma.
O Abrantes e Benfica é um clube centenário com muitos pergaminhos no futebol. Neste momento conta com cerca de 270 atletas distribuídos por todos os escalões de formação e futebol sénior. O grupo directivo é composto por cerca de 15 elementos aos quais se juntam cerca de 15 treinadores e formadores. “Temos mais de 300 pessoas envolvidas neste projecto”, afirma. Mas é no número de sócios que Paulo sente que há muito trabalho para fazer. “Existem muitos sócios, mas só cerca de 100 é que pagam as quotas”, refere.
O ano passado o clube voltou a ter uma equipa de seniores masculinos e logo no primeiro ano sagrou-se campeão distrital da 2ª divisão. O dirigente desmente que esta nova realidade resulte do insucesso de outros clubes da cidade (Abrantes Futebol Clube e União Desportiva Abrantina) que apostaram no futebol, como alguns querem fazer crer desvalorizando todas as partes.
“Montámos uma equipa com 60% de atletas oriundos da nossa formação e todos residentes e naturais do concelho de Abrantes, incluindo o Paulo Fernandes, nosso treinador”, afirma Paulo Neto. O técnico garante que a aposta na formação é para continuar, embora critique a dispersão de talentos: “Existem demasiadas associações desportivas. Há gente de talento em Abrantes mas como está dispersa torna-se difícil fazer um projecto vencedor”.
Ainda assim, Paulo Neto diz que o grande objectivo a curto prazo é ter uma equipa da formação a disputar o campeonato nacional porque no futebol sénior isso é mais complicado de se conseguir. “Abrantes não é adepta de futebol. Não há bairrismo nem espírito de entreajuda”, critica, afirmando que se existisse maior apoio por parte da população talvez pensassem em voos mais altos. “Vejo sempre as mesmas caras no estádio. Não há sangue novo”, refere.
A realidade financeira do clube não é a melhor. Com um orçamento anual de 50 mil euros, o dirigente refere que as despesas são mais do que as receitas e que, por vezes, têm que apelar à flexibilidade de alguns parceiros quanto aos prazos de pagamento. “Vivemos de subsídios da câmara, através do projecto FinAbrantes, e do apoio de alguns patrocinadores”, afirma. O presidente salienta que ninguém recebe dinheiro dentro do clube, nem os próprios atletas. “Se não fosse assim já tínhamos acabado. As empresas e os empresários da cidade deveriam apoiar as associações desportivas”, sugere.
Apesar de todas as condicionantes o presidente do SAB vê a realidade desportiva de Abrantes com bons olhos, graças à carolice e resiliência dos dirigentes associativos que não atiram a toalha ao chão. “As pessoas têm que perceber que o associativismo é fundamental para a cidade. E temos que ser os primeiros a dar o exemplo”, conclui.

“Em Abrantes não há bairrismo mas há bom associativismo”

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