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A descentralização é muito boa,  quando é para os outros...


O novo Governo deu um sinal político em relação ao interior do país ao descentralizar três secretarias de Estado para Bragança, Castelo Branco e Guarda. Uma medida que não é original, pois o mesmo já aconteceu com anteriores governos sem que se vissem resultados concretos no que concerne a atenuar as assimetrias entre as grandes áreas metropolitanas e o resto do país. Pelo contrário, esse abismo tem-se cavado.
Se o Governo, este ou qualquer outro, estivesse realmente interessado em fazer algo de assertivo nesse domínio, para lá dessas folclóricas, podia começar a construir a casa pela base e não pelo telhado. Ou seja, primeiro devia transferir serviços da capital para cidades e vilas do interior, em vez de os fechar, como tem acontecido neste século.
Primeiro transferissem direcções gerais, divisões, departamentos. Depois, as secretarias de Estado e/ou ministérios. Não faltam por Lisboa repartições e serviços que podiam estar noutro qualquer ponto do país. Dou um exemplo: o Comando Geral da GNR, força vocacionada para a segurança no meio rural, está sediado no Largo do Carmo, em pleno centro histórico de Lisboa. Não podia estar noutro lado? Claro que podia, mas não era a mesma coisa!
Para se equilibrar minimamente o país, muita gente teria de sair da sua zona de conforto. E apesar de a qualidade de vida na chamada província ser superior, em muitos indicadores, à que se tem nas grandes cidades, não acredito que quem trabalha na capital ou noutros grandes centros urbanos aceite de bom grado passar a trabalhar numa qualquer cidade do interior.
Basta recordar a resistência à mudança do Infarmed de Lisboa para o… Porto. Sim, para o Porto, não era Abrantes, Beja, Bragança, Guarda ou Portalegre. Resistência que levou à suspensão da medida. Resta concluir que a descentralização e a correcção das assimetrias entre litoral e interior são necessidades prementes e que colhem a simpatia da esmagadora maioria dos portugueses, desde que não nos venham estragar a vidinha...
José C. Reis

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