Dei por mim a olhar para as estantes onde fui acumulando livros lidos ao longo de mais de cinquenta anos e fiquei preocupado. Tenho dezenas deles que estão proibidos pela nova censura.
Alguns já tinham escapado à censura que existia antes do 25 de Abril mas voltam a estar na mira dos censores modernos. Outros, que comprei depois, já deixaram de ser reeditados e começa a ser perigoso tê-los ou citá-los. E mais perigoso ainda, dizer alto e bom som que os tenho em casa, desenvergonhadamente expostos à curiosidade de quem me visita.
Não vão citar exemplos pois são muitos mas são aqueles que ofendem o pensamento de movimentos que se afirmam modernos e progressistas cuja principal característica é serem intolerantes. Sei que foram feitas listas de obras de arte, entre as quais estão livros, que devem ser retirados de espaços públicos e, eventualmente, destruídos. Em alguns casos isso já aconteceu.
Tudo o que os novos censores sintam que afecta a moral e os bons costumes está em risco de aniquilação. Se quem ler este meu texto sentir que estou a exagerar, é porque não tem estado com atenção.
Fernando de Carvalho