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“Alverca é a melhor solução para o aeroporto e Montijo não serve o interesse público”
José Furtado explica que são mais as vantagens do que as desvantagens na escolha de Alverca para o próximo aeroporto de Lisboa

“Alverca é a melhor solução para o aeroporto e Montijo não serve o interesse público”

Caso a solução Montijo avance, Alverca deixará de poder ter qualquer tipo de aviação civil, incluindo voos executivos, tornando-se numa pista fantasma. Proposta de académicos para aeroporto em Alverca prevê menos ruído para os moradores, mais emprego, maior poupança para o Estado e maior rapidez de execução.

Alverca tem capacidade para, com um investimento mais contido do Estado, transformar-se num dos aeroportos modelo da Europa, situado a menos de quinze minutos da capital, Lisboa. A convicção é de José Furtado, um dos engenheiros responsáveis pelo estudo que defende a solução Alverca ao invés do Montijo.
À conversa com O MIRANTE na estação ferroviária de Alverca, situada a poucos metros das pistas da Força Aérea, José Furtado explica que a solução ribatejana tornaria possível a criação de um “verdadeiro aeroporto” de toda a Área Metropolitana de Lisboa. “A nossa proposta passa por alargar a pista existente dos actuais 45 para os 75 metros, permitindo a aterragem de todo o tipo de aviões, incluindo os transcontinentais como Boeing 747 ou Airbus A380”, explica.
O responsável diz que o ruído causado pelo aeroporto seria menor em Alverca do que com a solução Montijo, já que a pista ficaria a 750 metros da linha de comboio. “Se a solução Montijo avançar haverá muito mais aviões a sobrevoar a cidade do que actualmente. Se a pista fosse aqui a propagação do som é no cone e não lateralmente. As pessoas de Alverca praticamente não seriam afectadas porque a aproximação seria sobre a água. E mais nenhuma pista da Europa tem essa possibilidade”, conta.
Ao contrário do Montijo, em Alverca existe a proximidade da linha ferroviária, que teria um comboio exclusivo dedicado ao transporte rápido dos passageiros. Outra diferença radical é que em Alverca não estaria em causa apenas um aeroporto para voos de baixo custo. “Na nossa solução, a Portela ficaria apenas com voos de médio curso, entre as 07h00 e as 23h00 e aos fins-de-semana só a partir das 11h00. Alverca receberia todo o tráfego. A pista de Alverca tem aproximações sobre a água, nunca sobrevoa a comunidade, por isso não há riscos para as pessoas nem barulho. Seria um aeroporto singular na Europa e à semelhança de Gatwick (Londres)”, explica.

Montijo não defende interesse público
O responsável afiança que nenhum dos intervenientes no estudo – seis professores e dois ex-autarcas - têm interesses imobiliários em Alverca e que apenas os move a defesa do interesse público. “O Montijo será uma pista minorca e sem a segurança exigível. Não é uma solução que dê para Portugal no século XXI. É uma solução feita por uma empresa francesa [VINCI, concessionária do aeroporto de Lisboa] que não conhece a realidade nacional e apresenta uma solução pensada na óptica de uma empresa privada, não do interesse público. Queremos fazer o que é melhor para as gerações futuras e isso passa por um novo aeroporto em Alverca”, explica.
Para José Furtado não há coincidências na proposta Montijo. “A concessionária tem interesses cruzados enquanto accionista da Lusoponte, de ter pessoas a andar de um lado para o outro do Tejo sem necessidade. Não pensa no país mas apenas em resolver o problema no imediato”, nota.
E inevitabilidades são coisas que não existem nas questões aeroportuárias, entende o responsável. Por isso, acredita que a proposta Alverca ainda não está fechada e que vale a pena o governo olhar para o assunto sem receios nem “partidarites”.
A proposta Alverca demoraria menos dois anos a concretizar que a do Montijo e poderia estar pronta a receber, numa primeira fase, voos de baixo custo já a partir de 2022. Enquanto o custo de construir no Montijo ronda os 2.400 milhões de euros, em Alverca seriam precisos 1.750 milhões.
Sobre Alcochete e Ota, o responsável diz que se tratam de soluções “muito más” por estarem ambas bastante distantes da capital e sem facilidade de transportes. O grupo tem mantido rondas de contactos com figuras nacionais e na última semana foram recebidos pelo Presidente da República.
Pedro Santana Lopes, ex-primeiro ministro e ex-presidente da Câmara de Lisboa, é um dos rostos mediáticos que integra a defesa do projecto Alverca. A O MIRANTE diz que seria uma oportunidade única de garantir uma economia de esforços e custos. “É muito importante que as pessoas interiorizem que ir apanhar um avião ao Montijo será impossível. Está-se a insistir numa solução limitada. Esta não é uma questão partidária e os Governos têm de ter a capacidade de ir além dessas questões e ver que Alverca é a melhor solução”, afirma.

Pista polémica em cima de mouchão

Um dos dados mais polémicos do estudo é o aproveitamento do Mouchão da Póvoa para construção de uma das pistas da solução Alverca. José Furtado considera que o mouchão está demasiado degradado para poder ser recuperado e acredita que as entidades do ambiente “facilmente dariam luz verde” à sua ocupação por uma pista tendo em conta dois factores: a redução de ruído estimada para 300 mil moradores de Lisboa e os aterros que seriam feitos no local usarem os resíduos da dragagem do Tejo que permitirão a sua navegabilidade até à Castanheira do Ribatejo.

Alverca perde voos executivos

Caso o aeroporto avance no Montijo, a cidade de Alverca perde qualquer possibilidade de ter voos executivos no futuro. Os dados constam da posição da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). “Só podem existir 72 movimentos e o estudo actual prevê 46 para a Portela, 24 para o Montijo e dois para Tires. Sobra zero para Alverca. O Montijo vai matar esse sonho dos autarcas locais”, conta José Furtado.
O grupo já tentou apresentar o estudo publicamente no concelho de Vila Franca de Xira mas ainda não conseguiu por falta de respostas das autarquias. José Furtado admite que isso ainda possa acontecer, por exemplo, com o apoio do município.

“Alverca é a melhor solução para o aeroporto e Montijo não serve o interesse público”

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