Estado pede um milhão por património que abandonou em Alverca
Imóveis abandonados são uma chaga no centro de Alverca e há muito que são alvo de queixas de moradores e autarcas. Compra permitirá ao município recuperar os edifícios e colocá-los ao dispor de jovens no âmbito de um sistema de rendas apoiadas.
A compra ao Estado, pela Câmara de Vila Franca de Xira, das antigas vivendas das OGMA no centro de Alverca, pode ser a solução para acabar de vez com estado de abandono e degradação a que têm estado votados aqueles edifícios.
O património é do Estado, que pouco ou nada fez nos últimos anos para o salvaguardar. Até um emparedamento, para evitar que as vivendas fossem ocupadas por actividades marginais como prostituição, toxicodependência e vandalismo teve de ser feito pelas autarquias locais. Já houve abaixo-assinados da população pedindo medidas para resolução do problema.
Dez dos 12 edifícios existentes estão em avançado estado de degradação. Estão nas mãos da Empordef, Empresa Portuguesa de Defesa, que as quer vender ao município por um milhão de euros.
A câmara, liderada pelo socialista Alberto Mesquita, está disponível para selar a compra, mas só quer pagar até 700 mil euros e tudo aponta que esse virá a ser o valor final do negócio. As avaliações dos imóveis da Empordef têm em conta a localização central daqueles edifícios, mas a câmara contrapõe notando que naquela área não serão autorizadas construções com outra volumetria e pretende manter as vivendas, recuperá-las e colocá-las ao serviço da comunidade.
As negociações estão em fase avançada e em Outubro houve nova reunião entre as partes para consolidar, pelo menos, a primeira parte do negócio. O município espera adquirir até ao final do ano algumas vivendas, ficando com o direito de preferência na compra futura das restantes.
Só duas vivendas estão minimamente cuidadas
Alberto Mesquita já vincou que a câmara nunca permitirá que no local sejam construídas outras habitações que não o aproveitamento das vivendas existentes para fins culturais ou habitação. Uma das primeiras ideias passa por recuperar os edifícios e colocá-los ao dispor dos jovens no âmbito de um sistema de rendas apoiadas. “A ideia de colocar ali a biblioteca da cidade não me parece boa solução”, descarta.
De todas as vivendas apenas duas estão minimamente cuidadas, porque estão ocupadas por associações que vão cuidando dos edifícios. Situadas entre as ruas Sabino Faria, José Ferreira Cera, Henrique Mora e Avenida Infante Dom Pedro, as casas foram construídas na década de 50 para alojar os quadros superiores das oficinas de material aeronáutico ali existentes. Desde a privatização da OGMA em 1995 que as vivendas passaram a integrar o património agora gerido pela Empordef.