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Orfeão de Abrantes é um orgulho para quem dá vida à associação
Orfeão de Abrantes comemorou 90 anos e conta actualmente com 30 coralistas

Orfeão de Abrantes é um orgulho para quem dá vida à associação

O Orfeão de Abrantes nasceu há 90 anos e encerrou as comemorações do aniversário com um concerto do coro polifónico no dia 30 de Novembro na Igreja de S. João Baptista. O MIRANTE foi assistir a um dos ensaios e falou com a presidente da associação, Elisabete Pereira.

O Orfeão de Abrantes realizou o primeiro concerto a 20 de Janeiro de 1929. Na altura, o coro era composto por cerca de 100 elementos. Hoje, com apenas 30 coralistas, o colectivo soube adaptar-se às novas realidades e fundou mais dois grupos: o Cant’Abrantes e o Grupo de Cavaquinhos: e uma Escola de Música com cerca de 40 alunos.
Elisabete Pereira é presidente da associação há 14 anos e afirma que o voluntarismo e o gosto pela cultura das pessoas envolvidas fazem com que o projecto tenha uma longevidade tão grande. “Não era uma mulher do associativismo, mas quando vi o Orfeão sem dinâmica e com tanto potencial decidi atirar-me de cabeça”, conta, para explicar o motivo que a fez querer ser presidente.
Casada e com três filhos, Elisabete Pereira viveu em Lisboa até se mudar para Abrantes, há 27 anos, quando foi convidada para ser guia na Central Termoeléctrica do Pego onde ainda trabalha. “Sinto-me abrantina. Demorei a adaptar-me mas hoje tenho mais qualidade de vida”, afirma.
Do Orfeão fazem parte cerca de uma centena de elementos mas é a falta de jovens no coro que preocupa a dirigente. “Chamar pessoas é uma dificuldade. Nós vamos ficando mais velhos e não conseguimos segurar os jovens que, compreensivelmente, têm que seguir o seu caminho”, afirma. E admite que o estilo musical do grupo não seja o mais apelativo, por isso estão a actualizar o repertório.
Comandado pelo maestro Tiago Rodrigues, o Orfeão é um grupo internacional. A prova disso são os palcos e os países onde costumam actuar: Hungria, Espanha e França. Elisabete conta que depois de centenas de actuações só há a registar dores de barriga ou, num ou noutro caso, sangue no nariz, por causa dos nervos.
Elisabete Pereira aproveita a conversa com O MIRANTE para fazer um apelo ao município e à população de Abrantes. “Olhem mais para o nosso trabalho. Sem associações as pessoas vão-se embora da cidade e do concelho”, refere, para depois deixar uma crítica à autarquia: “Na agenda cultural de Abrantes só se divulgam os eventos que o município organiza e nós enviamos o nosso programa com bastante antecedência. Não podem deixar as associações de parte quando somos nós o garante da actividade cultural da cidade”.
Sustentar um projecto desta dimensão não é tarefa fácil e requer muitos contributos. “A câmara dá-nos um subsídio de sete mil euros e ainda temos as mensalidades pagas pelos alunos da escola de música, mas não chega”, conta, explicando que têm que pagar ao maestro, professores, deslocações e ainda refeições a associações convidadas para os eventos que organizam.
Elisabete garante que o Orfeão tem uma boa relação com a câmara municipal, mas não tem receio de apontar falhas a compromissos anteriormente feitos. “Temos protocolos assinados com anteriores presidentes de câmara onde nos foi prometido um espaço em condições para trabalharmos. Passaram-se décadas e continuamos a viver do desenrascanço e sem espaço para tanta gente”, afirma.
Um dos desejos de Elisabete é ver o Orfeão de Abrantes celebrar os 100 anos. “Não sou pessimista. Tenho a certeza que se a população interagir com a associação e nos proporcionarem um espaço em condições vamos continuar a nossa missão de levar cultura e o nome de Abrantes até onde nos for possível”, conclui.

À margem

O maestro e os cantores

Carlos Lamarosa é coralista no Orfeão há um ano e diz ter concretizado um sonho. Afirma-se lagarto por ser natural do Sardoal, embora viva em Abrantes há muitos anos. Pertencer a um coro polifónico nasceu da curiosidade e do “bichinho” que tem por pertencer a uma família de músicos. Nunca teve grandes enganos nos espectáculos e admite não saber cantar, embora diga que tem a mania que sabe.
Julita Silvestre estreou-se no Orfeão no dia da reportagem de O MIRANTE. Por ser o primeiro dia estava ansiosa por não saber o ritmo e o tom das canções e queria fazer boa figura. Cantar é a sua paixão e confessa que por viver sozinha tem liberdade para o fazer sem ter ninguém a mandá-la calar.
O mesmo já não acontece com Elisabete Pereira. São raros os dias em que o marido não a manda fechar a porta do escritório por estar a “esticar a corda” no que diz respeito às cantorias. Nunca faltou a um ensaio desde que pertence ao Orfeão porque gosta demasiado do espírito de camaradagem e do sentimento que pertencer a este grupo envolve.
Há três anos maestro do Orfeão, Tiago Fernandes admite que é preciso alguma paciência para liderar um coro. Dá alguns puxões de orelhas mas de forma pedagógica porque no grupo todos remam para o mesmo lado. Apesar das suas funções Tiago gosta muito de cantar, inclusive no banho, porque é obrigatório que para ensinar se aprenda também a fazer.

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