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“Desde que fui mãe nunca mais me senti sozinha mesmo se os filhos não estão”
Paula Grijó gosta de viajar e conhecer novas culturas

“Desde que fui mãe nunca mais me senti sozinha mesmo se os filhos não estão”

Paula Grijó é presidente da Associação Tagusvalley e sonha voltar à África do Sul onde nasceu.

Paula Grijó nasceu na África do Sul e viveu lá até aos oito anos. Quando lhe perguntam qual seria a sua viagem de sonho diz, sem hesitar que gostava de voltar à sua terra natal. Há muitos anos a residir em Abrantes considera a cidade a sua terra do coração. Licenciada em Educação Física - ramo de educação especial e reabilitação, tem um percurso profissional muito ligado à área social. Adora restaurar móveis antigos e quer exercer essa actividade a tempo inteiro quando se reformar.

Sempre quis trabalhar na área social. Sou licenciada em Educação Física, ramo de educação especial e reabilitação. Nunca me imaginei a dar aulas. A rotina é algo que não aprecio. Achei que a educação especial me iria permitir descobrir e poder ajudar aqueles que necessitam de apoio.
Comecei a trabalhar no atendimento a toxicodependentes no Centro das Taipas. Depois passei para o Programa Nacional de Luta Contra a Droga, onde estive vários anos na área da prevenção das toxicodependências com crianças e jovens. Trabalhei no Instituto para o Desenvolvimento Social que, entretanto, foi integrado no Instituto da Segurança Social. Foi nesta altura que pedi mobilidade para Abrantes, terra do meu ex-marido e agora minha terra do coração.
Adoro restaurar móveis antigos. É um “hobbie” mas tenho o sonho de, quando me reformar, passar a ser a minha actividade principal. Adoro trabalhar com madeira. Se me querem ver feliz é com uma lixadeira eléctrica e transformar um móvel, de preferência um móvel que alguém ia deitar fora. Há uns tempos encontrei uma arca antiga junto a um caixote do lixo. Consegui enfiá-la no meu carro, restaurei-a e está lá em casa.
Desde que fui mãe nunca mais me senti sozinha. Mesmo que os meus filhos não estejam perto de mim sinto conforto por eles existirem. O Guilherme tem 25 anos e a Inês tem 23. Já estão nas suas vidas, em busca dos seus sonhos, mas sinto-me confortada por tê-los na minha vida. Quando um filho nasce as prioridades mudam totalmente. Mas não nos devemos esquecer de nós porque se não formos felizes eles também não o vão ser.
Gosto de desafios e a política foi um desafio que surgiu inesperadamente. Na altura a candidata Maria do Céu Albuquerque lançou-me o desafio para ajudar a construir a campanha eleitoral do seu primeiro mandato. Pensei que poderia ajudar a mudar alguma coisa na comunidade em que estou inserida e aceitei. Entretanto, ela convidou-me para ser sua chefe de gabinete e fui, sempre na lista do Partido Socialista, em quinto lugar. Quando assumi o cargo de vereadora, em Fevereiro deste ano, foi uma honra. Poder trabalhar em prol do concelho em que vivo e ajudar a melhorá-lo é um desafio diário.
No concelho de Abrantes temos 30 turmas do ensino básico a aprender linguagem de programação. Isto não quer dizer que todos vão ser programadores no futuro, mas é muito importante. Tenho a noção que a programação vai ser fundamental para o futuro como hoje em dia é o Inglês. Começámos com alunos dos 2º, 3º e 4º anos mas queremos alargar aos alunos do 1º ano.
Voltar à África do Sul, onde nasci, é a minha viagem de sonho. Quero regressar às minhas raízes e perceber o que mudou e como mudou. Tenho a certeza que vai ser uma viagem muito especial. Vim para Portugal com oito anos e fiquei a viver na zona de Odivelas. Tenho várias memórias de África do Sul, do cheiro, que é diferente. Lembro-me também das escolas. Frequentava a escola inglesa e portuguesa. Vivi lá durante o Apartheid mas os meus pais sempre me ensinaram a respeitar toda a gente independentemente da cor, da raça ou da religião.
Quando viajo nada me sabe tão bem como o regresso a Portugal. Gosto de conhecer novas culturas e divirto-me imenso, mas no regresso, quando o avião aterra é uma sensação indiscritível. O país que mais gostei de conhecer foi o Japão. São muito organizados e têm uma enorme capacidade de planeamento. Além disso são muito gentis. Um embaixador japonês disse-me uma vez que o casamento perfeito seria entre japoneses e portugueses. Era combinar a capacidade de planeamento dos japoneses com a nossa capacidade fantástica de gerir imprevistos. Aquilo a que as pessoas chamam, de forma depreciativa, o desenrascar.

“Desde que fui mãe nunca mais me senti sozinha mesmo se os filhos não estão”

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