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No Benavente Futsal Clube desporto e escola andam de mãos dadas
Equipa de Infantis do Benavente Futsal Clube tem sete alunos de excelência que este ano foram distinguidos pelo seu mérito escolar

No Benavente Futsal Clube desporto e escola andam de mãos dadas

Colectividade ainda tem uma curta história mas já exibe um grande orgulho por ter 30 atletas a vestir a sua camisola.


No pavilhão da Casa do Povo de Benavente são os infantis os primeiros a entrar em campo para mais um treino. Esta não é uma equipa qualquer. Além de ter jogadores que sonham ser craques da bola, tem sete alunos de excelência que foram este ano distinguidos pelo seu mérito escolar. A prova que o desporto, neste caso o futsal, não é apenas uma competição dentro das quatro linhas, mas uma motivação extra para os estudos.
Como é que um clube faz saltar a estratégia de jogo para a escola? A resposta é fácil: “Através da disciplina que têm de ter em campo, do trabalho em equipa, da responsabilização e aprendizagem na gestão do tempo”, explica o vice-presidente do clube, João Mata.
“O desporto é um complemento à escola, que não pode ser visto como uma actividade que rouba tempo aos estudos”, frisa o dirigente. O aproveitamento escolar pode ser incentivado através de outras “actividades que despertem interesse nos jovens”. É esta a mensagem que o Benavente Futsal Clube quer passar aos seus 30 jogadores, com idades entre os 11 e os 16 anos.
O clube deu o pontapé de saída há apenas ano e meio e tem conseguido captar crianças e jovens que até então não tinham o futebol de cinco como opção no concelho. Tem três escalões - infantis, iniciados e juvenis - a competir no campeonato distrital de futsal de Santarém. Mas o mais importante não são os resultados. É a união entre jogadores. “Neste clube vão todos juntos na mesma carrinha para os jogos e regressam da mesma forma”, diz. Depois, explica: “Se ganharem festejam juntos o caminho todo, se perderem sentem juntos o sabor amargo da derrota e motivam-se para o próximo jogo”.

Futsal também é para meninas
Entre os cinco jogadores em campo saltam à vista cabelos compridos atados com um elástico. De cara séria, na disputa pela bola, Ana Sofia é a única menina da equipa. Em campo roda entre a ala direita e esquerda e esta época estreou-se a marcar. Na escola é craque a Matemática e recebeu o diploma de mérito.
A camisola sete dos infantis sempre sonhou praticar este desporto que muitos ainda vêem como sendo para rapazes, mas isso não a incomoda. O que quer é que mais meninas se apressem a entrar para o clube para poderem formar uma equipa feminina. É que Ana Sofia só pode entrar em campo com os rapazes até ao escalão de iniciados.
“Estamos a trabalhar para que isso aconteça”, diz o treinador. Mas o desejo depende de várias vontades: a das meninas e a dos pais. São estes últimos que, por vezes, “têm maior preconceito” por ter uma filha a jogar à bola.

Um militar no comando
O treino decorre com uma ou outra chamada de atenção do treinador Ricardo Duarte. Tem 35 anos, é militar na Marinha Portuguesa e treinador da selecção deste ramo das forças armadas. “Hoje os treinadores têm de ter mais cuidado a falar com os jovens porque uma má palavra pode significar a desistência de um atleta. Mas há que respeitar as ordens do treinador”, atira João Mata.
Saber trabalhar em equipa é o mais importante e se não houver respeito ficar no banco é o melhor remédio. “Apesar da rotatividade ser maior que no futebol de 11 isso chateia-os. O que é positivo porque os motiva a trabalhar mais no treino seguinte”.
O trabalho deste clube ainda agora começou, mas plantel, equipa técnica e os pais dos jogadores já são uma grande família. Isto porque todos vibram em campo ou nas bancadas e todos ajudam. Os pais, por exemplo, dão uma mãozinha nas despesas do clube, explorando o bar do pavilhão quando há jogo em casa. “Sentir que todos estão felizes com este projecto é o que nos faz querer ir mais longe”, diz.
O objectivo último é fazer crescer uma visão alargada sobre a importância do desporto na educação, saúde e inclusão social. Pôr uma bola nos pés de miúdos que vêm de realidades sociais distintas e vestir-lhes a mesma camisola. Transmitir-lhes valores que vão guiar o seu futuro. “Fazê-los sair do sofá ou tirá-los da rua. Livrá-los de excessos enquanto acreditam que podem ser um Ronaldo do futsal”.

No Benavente Futsal Clube desporto e escola andam de mãos dadas

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