Alcanena com um bom orçamento mas com críticas internas e da oposição
“Talvez um dia tenham a oportunidade de fazer um orçamento de uma câmara para verem como é difícil”, atirou a presidente da câmara, Fernanda Asseiceira, em resposta às críticas de alguns deputados da assembleia municipal.
O orçamento e as Grandes Opções do Plano (GOP) de Alcanena para 2020 foram aprovados por maioria na assembleia municipal na sexta-feira, 6 de Dezembro, com a abstenção das bancadas do movimento Cidadãos por Alcanena (PSD/CDS/MPT) e da CDU. Apenas os eleitos da maioria PS votaram favoravelmente.
O líder da bancada da CDU, Ivo dos Santos, justificou o voto da bancada comunista com a “falta de estratégia coerente” para o desenvolvimento do concelho. Já da parte da coligação PSD/CDS/MPT, as críticas ao orçamento foram levantadas por faltarem no documento muitas ambições de alguns presidentes de junta. O que levou a presidente da Câmara de Alcanena, Fernanda Asseiceira (PS), a referir que “talvez um dia tenham a oportunidade de fazer um orçamento de uma câmara para verem como é difícil”.
Fernanda Asseiceira, que está no seu último mandato como presidente da câmara, defende que o orçamento de cerca de 18 milhões de euros é “dos melhores que se fez”. Aproveitou para referir que se não fosse o esforço na captação de verbas de fundos comunitários, “o que não é tarefa fácil”, a Câmara de Alcanena contaria com um orçamento na ordem dos 10 ou 12 milhões de euros.
Entre algumas das obras mencionadas pelos deputados como prioritárias e que não constam no documento está a construção de habitação social em Minde, projecto apontado pela presidente da Junta de Freguesia de Minde, Fátima Ramalho. Fernanda Asseiceira viu ainda ser feita oposição dentro do seu próprio partido, com o deputado socialista Moisés Morgado a levantar as “lacunas” deste orçamento: a Casa da Cultura de Minde, “para o qual a câmara já adquiriu dois edifícios mas ainda nada foi feito”; o Jardim de Santo António, “que nem serve de estacionamento, nem é ainda jardim”; a falta de arranjo ao nível de pavimentação e saneamento em Minde: o mercado de Minde; e a antiga promessa de dar uma sede para acolher o Rancho Folclórico de Covão do Coelho.
Rede de saneamento elevada para 96% de cobertura
O orçamento inclui a conclusão, no segundo semestre de 2020, das redes de saneamento de Covão do Coelho e Vale Alto e do Carvalheiro, bem como da conduta adutora de Monsanto, que, segundo Fernanda Asseiceira, elevam a cobertura do concelho para mais de 96%.
Num concelho que tem sido marcado pelas questões da poluição ambiental, fruto do funcionamento do sistema de tratamento das águas residuais, que trata os efluentes da indústria de curtumes, a autarca afirmou que, com a constituição da empresa municipal Aquanena, passará a ser esta a intervir nesta área, centrando os investimentos na melhoria da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). “Com a cobertura satisfatória da rede de saneamento a empresa poderá direccionar totalmente a receita das tarifas para acções estruturantes na ETAR”, disse Fernanda Asseiceira.