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5 euros de renda divide lojista e proprietário do Tramagal
Luís Brás teme que litígio que mantém com o senhorio desde 2015 o impeça de celebrar meio século do estabelecimento comercial

5 euros de renda divide lojista e proprietário do Tramagal

A Electro-Reparadora Brás está a menos de uma semana de completar meio século de existência, mas um litígio entre senhorio e inquilino por causa de um telhado que deixa entrar água e de uma renda que não sobe há mais de 20 anos põe em risco a continuação do negócio que José Brás abriu a 1 de Janeiro de 1970.

No primeiro dia de Janeiro de 2020 a Electro-Reparadora Brás, no Tramagal, Abrantes, fará 50 anos. José Luís Alves Brás foi o seu mentor em 1970 e agora, com 79 anos, teme que o litígio que mantém com o senhorio desde 2015 o impeça de celebrar o meio século do estabelecimento onde há uma vida vende material eléctrico e faz reparação de pequenos electrodomésticos.
Durante 20 anos José Brás trabalhou na Metalúrgica Duarte Ferreira. Foi nessa altura que decidiu arrendar uma pequena loja na Rua do Cabeço do Moinho de Vento, no centro do Tramagal, para onde seguia depois do trabalho e antes de regressar a casa, em Santa Margarida da Coutada, concelho de Constância. Agora, passados perto de cinquenta anos, diz que a loja é um complemento à parca reforma e uma forma de se manter ocupado e de não decepcionar a clientela que entretanto fidelizou.
Em 1996 faleceu o senhorio e a loja passou a ter novo dono. O novo senhorio apresentou-lhe então uma proposta de actualização da renda que passaria dos 100 escudos (50 cêntimos) para os 25 contos (125 euros). Como se tratava de um grande aumento José pediu conselho junto de um advogado que chegou à cifra de “um conto de réis” (cinco euros), valor mensal que paga até hoje.
Em 2015 o senhorio tentou denunciar o contrato de arrendamento pedindo que este cessasse a 31 de Dezembro de 2017. Contudo, tratando-se de um contrato anterior a 1995 não haveria possibilidade de denúncia nem de oposição à renovação automática do mesmo.
José Brás afirma que foi aí que começou a crise. Alega que lhe disseram que se não saísse a bem sairia a mal e que, a partir de então, começaram os problemas de infiltrações de água na loja. Para conseguir ver de onde provinham as infiltrações fez um pequeno buraco no estuque. Fragilizado, o estuque acabou por cair praticamente todo. Agora o senhorio acusa o inquilino de ter estragado o tecto enquanto o inquilino acusa o senhorio de não resolver a questão do telhado.
Segundo o advogado de José Brás, foi feito um acordo em tribunal que, após peritagem ao telhado, obrigou o proprietário a fazer a sua reparação, mas apenas na água virada para a rua principal. Por lapso não foi feita peritagem à água que dá para as traseiras do edifício. O advogado refere que o proprietário realmente arranjou a parte do telhado a que estava obrigado e não quer agora, voluntariamente, reparar a parte das traseiras, onde continuam as infiltrações, mas que ficou de fora do acordo.
Enquanto continua o jogo do empurra a humidade não dá tréguas a José Brás que vai resolvendo o problema da chuva com baldes de plástico espalhados pela loja, mas que dificilmente conseguirá resolver a infecção pulmonar que a humidade lhe provocou.
Presente no local, aquando do encontro com José Brás, o senhorio não quis prestar qualquer esclarecimento a O MIRANTE.

5 euros de renda divide lojista e proprietário do Tramagal

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