Já não há campas para enterrar mortos no cemitério de Aveiras de Cima
Última sepultura livre foi ocupada na semana passada. Falta de espaço leva junta de freguesia a reclamar obras urgentes para alargamento do cemitério.
Os habitantes de Aveiras de Cima estão “proibidos de morrer” até estar concluído o alargamento do cemitério local, obra que ainda não arrancou “nem parece que vá arrancar de maneira nenhuma”. A crítica é deixada pelo presidente da junta de freguesia local, António Torrão, dias depois de a última sepultura livre ter sido ocupada na semana passada.
“Estou a ficar de mãos e pés atados”, disse o autarca na última reunião pública do executivo da Câmara de Azambuja. A freguesia tem aproximadamente quatro mil habitantes e, em média, morrem entre 60 a 80 pessoas por ano, pelas contas do presidente de junta. “A lei permite que ao fim de três anos façamos o levantamento das ossadas e, em caso de necessidade, vamos ter de o fazer. Mas é algo que as famílias não aceitam de bom grado”, reconhece.
Tal como O MIRANTE deu nota na edição de 20 de Novembro último a Câmara de Azambuja adquiriu há cerca de meio ano um terreno para alargar o cemitério de Aveiras de Cima, mas “o processo está demorado e ainda não temos projecto para a obra”, critica António Torrão.
O terreno foi adquirido pelo município a um privado, por 70 mil euros, com duas finalidades: o alargamento do cemitério e a instalação de condutas de abastecimento de água para a população de Aveiras de Cima e Aveiras de Baixo.
Segundo o presidente da câmara, Luís de Sousa, já foi feito o “levantamento topográfico e a obra é para arrancar o mais rápido possível”. O autarca admite que o projecto, que está a ser elaborado por uma empresa externa contratada pelo município, continua por concluir. Os custos da empreitada, que inclui a construção de um muro, vão ser suportados pela Águas de Azambuja, que vai usar aquele terreno para construir novas condutas de água.
Luís de Sousa frisou na última reunião do executivo que a autarquia “já está a ajudar e a fazer o que não lhe compete”, lembrando que a gestão e manutenção dos cemitérios do concelho é da competência das juntas de freguesia.
No actual cemitério a Junta de Freguesia de Aveiras de Cima deixou de vender covas às famílias há três anos quando começou a evidenciar-se a falta de espaço. A autarquia local pensou em construir gavetões para fazer render a área disponível mas, depois de ouvir a população, António Torrão diz que esse modelo não é bem visto. “As pessoas aqui são mais tradicionais, querem ter a sua campa”, conclui.