Duas listas apresentam-se às eleições da Cerci de Azambuja
Instituição esteve em risco de fechar portas no último ano, debatendo-se com uma dívida que chegou a rondar os 400 mil euros. Apareceram duas listas interessadas em pôr fim a uma direcção com mais de 30 anos.
A Cerci Flor da Vida, instituição que apoia pessoas com deficiência vai eleger a 17 de Janeiro os novos corpos sociais. A IPSS sediada em Azambuja, que tem vivido tempos difíceis nos últimos anos, com uma dívida que chegou perto dos 400 mil euros, vai a sufrágio com duas listas candidatas. Uma delas é liderada pelo antigo director do Agrupamento de Escolas de Azambuja, José Manuel Franco, e a outra pelo antigo dirigente do Centro Cultural Azambujense, Vasco Ramos.
O presidente cessante, Carlos Neto, que está à frente da instituição há mais de 30 anos, já anunciou que não se recandidata. “Chegou a altura de dar o lugar a outras pessoas com novas ideias e capacitadas para dar à instituição o rumo que ela precisa”, afirma a O MIRANTE, esperançado de que a lista vencedora consiga “tirar a Cerci desta situação difícil”.
José Manuel Franco, refere em comunicado que com esta candidatura não se pretende promover, mas ajudar a resolver os problemas da Cerci e dar o seu “contributo humilde, mas muito empenhado à instituição, à sua equipa e comunidade”. E acrescenta que o move “a responsabilidade da função, o respeito pela instituição, pelos seus utentes e famílias, bem como pelas comunidades onde está inserida”.
Os principais rostos desta lista são Pedro Félix, presidente da Assembleia de Freguesia de Azambuja, António Torrão, presidente da Junta de Aveiras de Cima, João Coelho e Luís Fonseca do Movimento de Cidadãos Mais Azambuja. Na lista está também a vice-presidente da direcção cessante e mãe de dois utentes da institução, Isabel Silva, que diz a O MIRANTE ter como missão de vida continuar a apoiar a instituição e os seus utentes, dando continuidade ao trabalho já começado.
Já Vasco Ramos, em declarações a O MIRANTE, fala da necessidade de ser feita uma reestruturação ao nível administrativo e financeiro. O candidato lamenta que a instituição viva “fechada em si mesma” e que só tenha procurado a população quando se viu a braços com uma dívida incomportável. “Se fosse uma instituição aberta e próxima das pessoas estas estariam mais envolvidas e ajudariam mais”, defende.
Vasco Ramos diz ter assistido a várias assembleias gerais da Cerci, na qualidade de sócio, onde teve a oportunidade de questionar a direcção sobre o cenário negro que a instituição vive a nível financeiro. “O porquê de a instituição ter chegado àquele ponto nunca me foi explicado. Não posso, porém, falar de desleixo ou gestão danosa da actual direcção”, afirma.
O candidato tem na sua lista nomes como Carlos Valada, antigo presidente da Junta de Aveiras de Baixo, Maria João Canilho, vereadora do PSD na Câmara de Azambuja, e Gonçalo Ferreira, líder da Juventude Socialista de Azambuja. Todos “com vontade e capacidade para ajudar a reerguer a instituição”, diz, rejeitando que por detrás desta candidatura exista qualquer interesse político ou que sirva para criar um clima de guerra com a lista adversária. “Não estou cá para lutar contra a outra lista, mas para ajudar a instituição e se perder estarei disponível para dar o meu apoio”, afiança.
Dívida tem vindo a baixar
No último ano a dívida da instituição ascendeu aos 386 mil euros, forçando os dirigentes a abandonar algumas valências e a candidatar-se ao fundo de socorro da Segurança Social, que ainda não chegou, nem se sabe se chegará. A Cerci Flor da Vida apoia actualmente 367 utentes, com perto de duas dezenas em lar residencial. De acordo com Carlos Neto, a situação financeira tem melhorado, não existindo de momento subsídios ou salários em atraso, nem dívidas à Segurança Social. “O que ainda existe é uma dívida considerável a fornecedores, que tem baixado todos os meses”, refere.