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Vítor Serrão diz sentir orgulho, nostalgia e angústia pelo Centro Histórico de Santarém
Apesar de falhada a candidatura deixou sementes para o futuro diz Vítor Serrão

Vítor Serrão diz sentir orgulho, nostalgia e angústia pelo Centro Histórico de Santarém

Historiador Vítor Serrão esteve em Santarém numa conferência onde voltou a falar da candidatura falhada de Santarém a Património Mundial da Unesco.


A candidatura falhada de Santarém a Património Mundial da Unesco no final dos anos 90 foi uma oportunidade perdida porque não foi bem estruturada e porque não integrou os munícipes. “Deveria ter-se agregado mais as pessoas. Foi uma candidatura muito elitista, feita em gabinetes e muito académica. Contra mim falo que também participei nela”, considera o historiador Vítor Serrão, orador convidado da terceira conferência do ciclo “Os Historiadores de Santarém”, organizada pela Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém. A sessão decorreu na tarde de sábado, 25 de Janeiro, na sede da associação, na antiga Escola Prática de Cavalaria de Santarém.
Vítor Serrão, filho do historiador jubilado Joaquim Veríssimo Serrão, disse a O MIRANTE que apesar da candidatura ter falhado deixou sementes para o futuro e espera que um dia ainda haja oportunidade de a retomar. O historiador, que nasceu em França há 67 anos mas veio viver para Santarém com quatro anos, gostava que a cidade, nomeadamente o centro histórico, tivesse uma vida cultural mais dinâmica, que os monumentos fossem bem recuperados e estivessem abertos ao público por um período mais alargado de tempo.
Em relação ao centro histórico da cidade confessa sentir orgulho, nostalgia e angústia pelo estado de ruína que o tempo e a História provocaram. “Chegou a haver 49 igrejas e conventos quando Santarém era vila. Actualmente existe um quinto. Foi tudo destruído, incluindo a arquitectura aristocrática da Idade Média, do Renascimento e do Barroco. Em relação ao que está perdido não se pode fazer nada. O que chegou até hoje e é motivo de orgulho impõe, por parte da actual autarquia e das que virão, um enorme cuidado, paixão e respeito pela História de Santarém”, defende.
Na sua opinião deve existir uma política de gestão democrática integrada e dinâmica que crie uma imagem que devolva o orgulho no património escalabitano. “É fundamental atrair os jovens moradores para viverem dentro do centro histórico e não nas periferias”, referiu. Vítor Serrão afirma que Santarém não tem sabido aproveitar o facto de Lisboa e Portugal serem um ponto turístico de referência. No entanto, destaca o papel da Igreja Católica que tem tido um papel muito importante na área da recuperação e valorização do património, recordando o prémio da União Europeia para o Património Cultural/Prémios Europa Nostra 2016 referente à reabilitação da Sé Catedral de Santarém e à criação do Museu Diocesano de Arte Sacra. “Há que aproveitar estas distinções para promover a cidade”, destacou.

Apaixonou-se pela História através do avô
Durante a conferência Vítor Serrão falou da sua vida e da sua paixão pela História que aprendeu com o seu avô. Em criança o avô levava-o a ver monumentos e foi com ele que descobriu os monumentos do Ribatejo e de Santarém. Filho de um historiador, foi com naturalidade que também se apaixonou por essa área, sendo mestre em História de Arte pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e doutor pela Universidade de Coimbra, onde leccionou. É professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e investigador.
Durante a sua intervenção mostrou preocupação pelo Museu do Alporão continuar fechado. A pequena sala onde está instalada a sede da Associação de Estudo e Defesa do Património Histórico-Cultural de Santarém encheu, com cerca de meia centena de pessoas, que quiseram ouvir as memórias de Vítor Serrão, que considera fundamental que todos os partidos políticos se preocupem com a cultura dos seus concelhos.

Vítor Serrão diz sentir orgulho, nostalgia e angústia pelo Centro Histórico de Santarém

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