O Juventude da Castanheira (JC) está a estudar um pedido de insolvência depois de a nova direcção não ter conseguido reverter o descalabro financeiro, cuja dívida apurada ascende aos 426 mil euros, e de ter sido executada uma penhora no valor de 15 mil euros por dívidas a uma antiga funcionária.
A direcção do clube de Castanheira do Ribatejo fez saber que vai reunir nos próximos dias para decidir o pedido de insolvência, para depois ser apresentado e votado em assembleia-geral extraordinária. O clube afirma que apesar de ainda não ter sido possível apurar as contas referentes a 2019, o cenário de dívida que se afigura é ainda pior do que em 2018 e admite, pela primeira vez, que a “gestão dos últimos anos foi absolutamente ruinosa para o Juventude da Castanheira”.
Sobre a penhora no valor de 15 mil euros, em comunicado divulgado pelo clube é referido que havia um acordo de pagamento apalavrado com a antiga funcionária onde o JC se comprometia, a partir de 1 de Fevereiro, a pagar a dívida em 44 prestações no valor de 300 euros mensais. Só que, apesar de ter sido transmitido à ex-funcionária que “estava em causa o fim do clube”, referem que “a ganância levou à falta de palavra e a penhora vai mesmo ser executada”.

Contas voltam à estaca zero
De acordo com o Juventude da Castanheira a defesa da ex-funcionária há muito tinha solicitado a penhora que só agora foi accionada, porque o clube conseguiu reunir em conta bancária um montante que perfaz esse valor. Situação que volta a colocar o clube num fosso financeiro próximo do zero, que não permite “pagar aos colaboradores, ter dinheiro para as despesas correntes e cumprir com os planos de pagamento entretanto acordados”.
Com o dinheiro angariado através de patrocínios, donativos, eventos realizados e do apoio recebido pela Câmara de Vila Franca de Xira, o Juventude da Castanheira tinha conseguido, este ano, pagar as dívidas mais acessíveis e assegurar as despesas correntes e salários aos colaboradores. Tinha ainda estabelecido planos de pagamento com diversas entidades.
Em Novembro do ano passado, quando a nova direcção, liderada por Paulo Torrão, tomou posse, o dirigente assumiu que teria como principal prioridade escrutinar as contas do clube. Além disso, o anterior presidente da direcção, Mário Nuno Duarte, já tinha feito saber que um alegado problema informático tinha feito desaparecer um ano e meio de contas do clube.

Participação ao Ministério Público e às Finanças
O clube tem encontrado dificuldades desde que uma derrapagem orçamental na construção do complexo desportivo, em 2007, lhe deixou uma dívida de 750 mil euros. Tal como O MIRANTE noticiou na edição de 2 de Janeiro, o JC e a Câmara de Vila Franca de Xira tinham assinado um contrato programa para a realização dos trabalhos no valor de 975 mil euros, cujo orçamento derrapou para um milhão e meio de euros. Em Fevereiro de 2015, o na altura vereador do PSD, Rui Rei, pedia que o relatório dos custos da obra fosse enviado ao Ministério Público (MP), para que se apurassem responsabilidades.
Pelo que se sabe, só agora foi feita uma participação ao MP e à Autoridade Tributária para que se investigue a situação financeira do clube. Uma medida que Paulo Torrão classificou como necessária na assembleia-geral extraordinária de Janeiro, aquando da aprovação do relatório de contas referente a 2018.